Topo

Vencedor do Nobel de Física lamenta não poder dividir prêmio com equipe

03/10/2017 15h38

Washington, 3 out (EFE).- Um dos cientistas americanos premiados nesta terça-feira com o Nobel de Física, Kip S. Thorne lamentou não poder compartilhar a conquista com centenas de pesquisadores e engenheiros que tornaram possível a detecção das ondas gravitacionais, descoberta pela qual ele foi agraciado junto com o alemão Rainer Weiss e o também americano Barry C. Barish.

O Observatório de Ondas Gravitacionais por Interferômetro Laser (LIGO) fez a descoberta em setembro de 2015, mas apenas cinco meses depois os cientistas divulgaram as oscilações no espaço-tempo produzidas pela aceleração dos corpos em massa quando há uma explosão de supernova um ou choque de buracos negros.

"O prêmio pertence aos centenas de cientistas e engenheiros do LIGO que construíram e aperfeiçoaram nossos complexos interferômetros de onda gravitacional. E também para os centenas de cientistas que encontraram os sinais de onda gravitacional nos ruidosos dados do LIGO e extraíram a informação das ondas", afirmou.

Thorne, formado em Física pelo Instituto de Tecnologia da Califórnia em 1962 e com doutorado pela Universidade de Princeton, recebeu de madrugada a ligação da Academia Sueca, responsável pela premiação, e lamentou não estender tal honraria a todos aqueles que contribuíram para a descoberta.

"É lamentável que, devido aos estatutos da Fundação Nobel, o prêmio tenha que ir para não mais do que três pessoas. Nossa maravilhosa descoberta é obra de mais de mil", disse em comunicado.

As pesquisas de Thorne, Barish e Weiss contribuíram de forma decisiva para finalizar quatro décadas de esforços e coroar um projeto revolucionário para a astrofísica que contou com a colaboração de mais de mil pesquisadores de cerca de 20 países.

Já Barish, em outro comunicado, disse se sentir "honrado" e "comovido" por receber o Prêmio Nobel de Física.

"A detecção das ondas gravitacionais é verdadeiramente um triunfo da Física moderna experimental de grande escala. Há várias décadas, nossas equipes da Caltech e do MIT (Instituto de Tecnológico de Massachusetts) transformaram o LIGO e o VIRGO em dispositivos incrivelmente sensíveis que fizeram a descoberta", explicou.

Em meados dos anos 1970, Thorne e Weiss iniciaram projetos para descobrir essas ondas. Enquanto Weiss desenvolvia detectores no MIT, Thorne começou a colaborar com Ronald Drever, que tinha construído os primeiros protótipos na Escócia.

Os três se juntaram anos depois para iniciar um trabalho pioneiro que incluiu o desenho de um interferômetro laser, a base do futuro LIGO, que conta com dois detectores localizados nos Estados Unidos, um em Livingston, na Louisiana e outro em Hanford, em Washington.

Por causa da complexidade do trabalho, o projeto demorou muitos anos para ser concluído. Thorne se ocupou da análise sofisticada e da teoria avançada, enquanto Weiss da engenharia criativa para desenvolver o instrumental necessário.

Barish assumiu a liderança do LIGO em 1994 e transformou o que até então era um pequeno grupo de quarenta cientistas em um projeto de escala internacional com mais de mil especialistas, uma medida que a Academia Sueca considera fundamental para o descoberta.