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Bebês estressados têm menor resistência à dor, aponta estudo

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Imagem: iStock

30/11/2017 18h10

Em recém-nascidos afetados pelo estresse, o comportamento sozinho não é uma forma confiável de avaliar a dor que os bebês sentem, de acordo com um estudo publicado nesta quinta-feira (30) na revista científica "Current Biology".

O estudo, financiado pelo Conselho de Pesquisa Médica do Reino Unido, descobriu que bebês hospitalizados, já estressados pelo ambiente em que estão, têm uma maior resposta à dor do que recém-nascidos não afetados pelo estresse. Mas isso não é acompanhado por um aumento equivalente no comportamento da dor.

A equipe da University College de Londres responsável pelo estudo quis estabelecer se, como ocorre com os adultos, os bebês sentem mais dor quando são submetidos ao estresse. A pesquisa é importante porque médicos avaliam o comportamento dos bebês para receitar medicamentos para diminuir a dor.

Foram usados na pesquisa 56 recém-nascidos. O estresse de cada um deles foi medido pelo nível do hormônio cortisol na saliva e pelo padrão de seus batimentos cardíacos. Esses exames eram feitos antes e depois de submetê-los a uma pequena picada no calcanhar que era clinicamente necessária.

Ao mesmo tempo, eles mediram a resposta dos bebês à dor com uma eletroencefalografia e por meio das expressões faciais.

Os dados indicaram que os recém-nascidos com maiores níveis de estresse apresentaram uma reação cerebral maior ao procedimento médico, mas isso não levava a uma mudança de comportamento.

Uma das autoras do estudo, Laura Jones, afirmou em comunicado que os efeitos do estresse na resposta cerebral não foi uma surpresa, mas os pesquisadores não esperavam que o comportamento dos bebês não seguisse a mesma lógica do que ocorre com os adultos.

A especialista disse que os resultados fornecem uma nova razão para tratar e cuidar dos bebês de uma forma que minimize tanto a dor como o estresse. "Os recém-nascidos parecem que não respondem à dor, inclusive quando seus cérebros ainda a processam", afirmou.

"Os médicos e enfermeiros do neonatal sabem que os bebês prematuros as vezes 'se desconectam' e não respondem quando se sentem oprimidos. Os novos resultados parecem confirmar essas observações clínicas nas crianças recém-nascidas", completa a nota.

A equipe de analistas deve realizar no futuro estudos sobre como outros fatores ambientais e experiências prévias - como a interação entre a criança e a mãe - podem influenciar na forma como os bebês processam e experimentam a dor.