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Novos sistemas de "caça" de meteoritos permitem encontrá-los com precisão

12/02/2018 01h38

Tucson (EUA), 11 fev (EFE).- Para os cientistas, a caça dos meteoritos que cruzam a atmosfera terrestre e a posterior localização dos seus fragmentos após chegar ao solo do planeta tem se tornado um objetivo sobre o qual se avançou muito graças a uma nova ferramenta.

No dia 16 de janeiro este instrumento, chamado de Rápida Detecção e Recuperação de Meteoritos (RADARMET, em inglês), demonstrou sua eficácia após recuperar no estado de Michigan (EUA) mais de seis fragmentos de um meteorito que se fragmentou depois de atravessar a atmosfera, e o fez em menos de dois dias.

"Historicamente foi um desafio poder determinar e encontrar rapidamente um meteorito, à simples vista é algo muito difícil de prever", disse neste domingo à Agência Efe Vishnu Reddy, professor assistente do laboratório planetário e lunar da Universidade do Arizona e a cargo do RADARMET.

Desenvolvido por cientistas deste centro universitário, e financiado pela NASA, este programa permite encontrar os meteoritos de uma forma rápida e certeira graças a reunir a informação de uma rede de radares.

Vishnu disse que do ponto de vista científico é de suma importância encontrar o meteorito o mais breve possível depois que cai na Terra, para poder preservar qualquer tipo de amostra biológica orgânica primitiva extraterrestre que se queira estudar para futuras pesquisas.

"Na terra temos vários componentes que podem deteriorar ou destruir rapidamente estas mostras biológicas, como a chuva, a neve ou o próprio sol", explicou Vishnu.

O cientista disse que à simples vista não se pode ver um meteorito até que esteja uma distância aproximada de 100 quilômetros de altura da superfície terrestre e devido a que emite uma luz brilhante enquanto desce pela atmosfera.

Quando o meteorito chega a uma distância de cerca de 25 quilômetros de altura e até tocar o chão essa luz desaparece, numa fase conhecida como "voo escuro" e que dificulta localizar o lugar exato onde caiu de acordo com sua trajetória.

"Quando o meteorito se encontra em 'voo escuro', o vento da atmosfera pode mudar sua trajetória", explicou o cientista.

Apesar disso, o programa do RADARMET, que utiliza 160 radares do Sistema Nacional Meteorológico dos EUA, permite seguir a trajetória do meteorito quando está na sua fase de "voo escuro", ou seja, quando é invisível ao olho humano, e assim encontrar "o lugar exato onde o meteorito caiu", assegurou o cientista.

Marc Fries, cientista no Centro Espacial Johnson da NASA e Tanner Campbell, engenheiro aeroespacial e de mecânica graduada da UA, também fazem parte do programa do RADARMET e afirmam que os radares podem detectar praticamente qualquer tipo de movimento, incluindo a chuva, pássaros, aviões e, claro, os meteoritos.

"Utilizamos a informação dos radares meteorológicos mais próximos ao local para determinar o lugar onde o meteorito caiu", disse Vishnu.

Ele explicou que são de ajuda os reportes da Sociedade Americana de Meteoros, onde membros desta comunidade constantemente publicam o local, a hora e a direção onde viram cair um meteorito, assim como registros de vídeos e fotografias do evento.

A equipe do RADAMERT lhes responde colocando na sua página o lugar onde caiu o meteorito, segundo a informação que obtiveram, e iniciando assim uma nova "caçada" de meteoritos entre aqueles que estão dispostos a procurá-los, tanta gente comum como da área científica.

Vishnu disse que atualmente estão trabalhando com a NASA para conseguir que o programa seja financiado por mais cinco anos.