Inatividade afeta astronautas mais que falta de oxigênio, indica estudo
A inatividade dos astronautas durante os voos espaciais lhes afeta mais que a falta de oxigênio à qual estão expostos, segundo um estudo divulgado na terça-feira (17) pela revista especializada "The Journal of Physiology".
"Esta pesquisa ajudará a preparar os astronautas para os voos espaciais e melhorará nossa compreensão de como os músculos respondem a longos períodos de inatividade em associação com a hipóxia (déficit de oxigênio)", afirmou o autor principal do estudo, Bruno Grassi, da Universidade de Udine, na Itália.
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Os cientistas simularam o efeito no corpo de voos espaciais durante 21 dias e o impacto de entornos de baixa gravidade, como a Lua ou Marte, para chegar aos seus resultados.
Este estresse ambiental, segundo os autores, tem consequências negativas em muitos órgãos, sistemas e funções do corpo, incluindo os ossos e os músculos, além dos sistemas cardiovasculares, respiratórios e nervosos.
Os músculos necessitam de oxigênio, o que levou os pesquisadores a pensar que os entornos com pouco oxigênio dos voos espaciais ou mundos planetários futuros afetariam a função.
No entanto, constataram que a inatividade em si pode ter um efeito "mais pronunciado" sobre o músculo esquelético que a falta de oxigênio, segundo destacaram os autores.
Para chegar a esta conclusão, os cientistas avaliaram os mecanismos pelos quais o tecido obtém energia queimando açúcares e gorduras, por meio da modificação de oxigênio durante o exercício, nos extensores do joelho das pernas de 11 homens.
Dessa forma, os resultados demonstraram que as deficiências posteriores à microgravidade não se viram agravadas pela hipóxia.
Dado que a inatividade e a hipóxia se associam frequentemente com várias doenças cardiovasculares e respiratórias, existe a sugestão que, para o músculo esquelético, a inatividade é pior em comparação com a hipóxia.
Caso confirmem esta teoria, a descoberta teria consequências relevantes nas intervenções terapêuticas e de reabilitação: a correção da hipóxia poderia ser menos crítica que a correção da inatividade.
Além disso, para os astronautas, esta pesquisa poderia ter um impacto significativo para pacientes com doenças crônicas caraterizadas por imobilidade e hipóxia.
O estudo dirigido por Grassi contou com a colaboração de pesquisadores da Universidade de Pavia (Itália)e da de Munique (Alemanha), do Centro Sueco de Fisiologia Aeroespacial e do Instituto Joef Stefan de Liubliana (Eslovênia), entre outros.
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