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Inatividade afeta astronautas mais que falta de oxigênio, indica estudo

Astronauta da Agência Europeia Espacial realiza sua primeira caminhada no espaço - ESA/NASA
Astronauta da Agência Europeia Espacial realiza sua primeira caminhada no espaço Imagem: ESA/NASA

17/04/2018 22h12

A inatividade dos astronautas durante os voos espaciais lhes afeta mais que a falta de oxigênio à qual estão expostos, segundo um estudo divulgado na terça-feira (17) pela revista especializada "The Journal of Physiology".

"Esta pesquisa ajudará a preparar os astronautas para os voos espaciais e melhorará nossa compreensão de como os músculos respondem a longos períodos de inatividade em associação com a hipóxia (déficit de oxigênio)", afirmou o autor principal do estudo, Bruno Grassi, da Universidade de Udine, na Itália.

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Os cientistas simularam o efeito no corpo de voos espaciais durante 21 dias e o impacto de entornos de baixa gravidade, como a Lua ou Marte, para chegar aos seus resultados.

O astronauta Joe Acaba sai da cápsula da nave Soyuz MS-06 após aterrissagem em Dzhezkazgan, no Cazaquistão - Alexander Nemenov/AFP - Alexander Nemenov/AFP
O astronauta Joe Acaba sai da cápsula da nave Soyuz MS-06 após aterrissagem no Cazaquistão
Imagem: Alexander Nemenov/AFP
Este estresse ambiental, segundo os autores, tem consequências negativas em muitos órgãos, sistemas e funções do corpo, incluindo os ossos e os músculos, além dos sistemas cardiovasculares, respiratórios e nervosos.

Os músculos necessitam de oxigênio, o que levou os pesquisadores a pensar que os entornos com pouco oxigênio dos voos espaciais ou mundos planetários futuros afetariam a função.

No entanto, constataram que a inatividade em si pode ter um efeito "mais pronunciado" sobre o músculo esquelético que a falta de oxigênio, segundo destacaram os autores.

Para chegar a esta conclusão, os cientistas avaliaram os mecanismos pelos quais o tecido obtém energia queimando açúcares e gorduras, por meio da modificação de oxigênio durante o exercício, nos extensores do joelho das pernas de 11 homens.

7.fev.2018 - O astronauta análogo João Lousada entrega um drone a Kartik Kumar enquanto é observado por dois omanis durante simulação de uma base em Marte no deserto de Dhofar, em Omã - Sam McNeil/ AP - Sam McNeil/ AP
Simulação de uma base em Marte em um deserto em Omã
Imagem: Sam McNeil/ AP
Dessa forma, os resultados demonstraram que as deficiências posteriores à microgravidade não se viram agravadas pela hipóxia.

Dado que a inatividade e a hipóxia se associam frequentemente com várias doenças cardiovasculares e respiratórias, existe a sugestão que, para o músculo esquelético, a inatividade é pior em comparação com a hipóxia.

Caso confirmem esta teoria, a descoberta teria consequências relevantes nas intervenções terapêuticas e de reabilitação: a correção da hipóxia poderia ser menos crítica que a correção da inatividade.

Além disso, para os astronautas, esta pesquisa poderia ter um impacto significativo para pacientes com doenças crônicas caraterizadas por imobilidade e hipóxia.

O estudo dirigido por Grassi contou com a colaboração de pesquisadores da Universidade de Pavia (Itália)e da de Munique (Alemanha), do Centro Sueco de Fisiologia Aeroespacial e do Instituto Joef Stefan de Liubliana (Eslovênia), entre outros.