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Cientistas descobrem novo exoplaneta "vizinho" do Sistema Solar

14/11/2018 18h07

Madri, 14 nov (EFE).- Cientistas descobriram um planeta similar à Terra na órbita da Estrela de Barnard, uma das mais próximas ao Sistema Solar, revelou a revista "Nature" em um estudo divulgado nesta quarta-feira.

A descoberta foi possível graças a uma das maiores campanhas internacionais de observação da história, na qual telescópios de todo o mundo realizaram cerca de 800 medições em conjunto.

"É uma quantidade de informação produzida durante mais de 20 anos", explicou à Agência Efe Ignasi Ribas, do Instituto de Estudos Espaciais da Catalunha (IEEC-CSIC), que fez parte do estudo.

"Todos esses dados nos permitiram caracterizar o sistema planetário que orbita a Barnard. Não descartamos que possa haver mais planetas por ali", disse o pesquisador.

Batizado como Barnard b, batizado em honra à estrela, o exoplaneta, o segundo mais próximo da Terra fora do Sistema Solar já descoberto, demora 233 dias para orbitar em torno da Bernard. Embora esteja relativamente perto dela (a cerca de 40% da distância entre a Terra e o Sol), é um mundo frio e escuro. Os cientistas estimam que as temperaturas no solo seriam de -170 graus Celsius.

"É um 'mundo sorvete' porque recebe pouca energia de sua estrela: só 2% do que a Terra obtém do Sol. E ele fica perto da chamada 'linha de gelo', uma regiã orbital ao redor de uma estrela na qual compostos voláteis como a água se condensam", explicou Ribas.

Por esse motivo, o estudo considera ser pouco provável que Barnard B possua água líquida em sua superfície. Os cientistas, porém, não descartam a existência da substância no subsolo.

Comparado com o Próxima b, o planeta considerado como o de maior possibilidade de abrigar vida fora do Sistema Solar, é difícil que o Barnard b tenha alguma forma de vida, segundo Ribas.

A descoberta foi possível graças à técnica Doppler, um dos muitos métodos criados pelos astrônomos para descobrir planetas que seriam impossíveis de ser observados diretamente.

Com a ferramenta, os cientistas buscam planetas a partir dos efeitos que eles provocam nas estrelas que orbitam: a atuação da gravidade do planeta faz com que a estrela também se mova.

O trabalho contou com a colaboração de profissionais de Alemanha, Chile, China, Estados Unidos, Espanha, França, Israel, Polônia, Suíça e Reino Unido. Foram utilizados sete instrumentos diferentes, ao longo de 20 anos, para realizar 771 medições.

"O descobrimento representa um avanço significativo na busca de exoplanetas ao redor de nossos vizinhos estrelares, com a esperança de, finalmente, encontramos um que tenham as condições adequadas para abrigar a vida", concluiu a pesquisadora Cristina Rodríguez-López, do Instituto de Astrofísica da Andaluzia, coautora do trabalho.