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Expedição feminina chega à base Brown para 1º passo no continente antártico

15/01/2019 09h48

Diana Marcela Tinjacá.

Baía Paraíso (Antártida), 15 jan (EFE).- As 80 cientistas que integram a expedição Homeward Bound à Antártida desembarcaram no continente gelado, onde conheceram um ambicioso projeto de pesquisa de peixes na base argentina Brown, na bela Baía Paraíso.

No 13º da expedição, iniciada em 31 de dezembro no porto de Ushuaia, na Argentina, e que já passou por várias ilhas antárticas, o grupo chegou a Brown, uma estação fundada em 1951 em meio a uma paisagem montanhosa, com um porto e um mirante natural.

As integrantes conheceram por fora as discretas instalações da base, que só funciona no verão e que foi reativada paulatinamente após um incêndio em 1984.

O mais chamativo ao chegar é ver as pequenas casas da estação cercadas de grupos de pinguins-gentoos, com as fêmeas em uma área próxima da costa.

Embora no local, habitado por 11 pessoas e atualmente sob o comando de Astrid Zaffiro, tenham sido realizados estudos geológicos e de monitoramento de aves e cetáceos, nesta temporada o foco está na pesquisa sobre peixes.

"Atualmente temos atividades científicas desenvolvidas em função de peixes e de estabelecer limites de pesca", contou à Agência Efe María Florencia Blanchet, tenente médica e chefe ambiental da estação, que chegou com a atual missão há apenas uma semana.

Manuel Novillo, especialista em peixes antárticos, explicou que as pesquisas visam "entender o comportamento e a vida dos peixes, a biologia, o ciclo de vida, para poder protegê-los caso haja uma reabertura da pesca comercial (naquela região da Antártida)".

De acordo com o cientista, nos anos 70 houve um excesso da atividade pesqueira, que reduziu algumas espécies até o risco de extinção nas ilhas Shetland do Sul.

Agora que a pesca está proibida em vários lugares ao redor destas ilhas, "estão sendo feitos estudos da biologia básica das espécies, para avaliar, se preciso, onde é possível pescar, em que época e como fazer isso de forma sustentada".

Os cientistas da base mantêm a preocupação com uma possível pesca não controlada e em relação ao aquecimento global, que afetou a vida marinha e as geleiras.

Acredito que este "maravilhoso lugar deve ser cuidado com toda a alma, já que a qualquer momento não o teremos, porque o clima está fazendo uma loucura. Tudo está derretendo", afirmou à Efe Carlos Bellisio, de 61 anos e que se dedica ao estudo de peixes antárticos desde os anos 70.

Depois da base de Carlini, esta é a segunda da Argentina na Antártida a receber a visita da expedição do programa australiano Homeward Bound, apoiado pela empresa espanhola de infraestrutura e energias renováveis Acciona e que visa aumentar a visibilidade das mulheres como líderes no campo de STEMM (Ciência, Tecnologia, Engenharia, Matemática e Medicina).

A médica Kristin Mitchell, que trabalha no Alasca, destacou o fato de que duas mulheres, Astrid Zaffiro e a pediatra Blanchet, sejam líderes na base Brown.

A expedição Homeward Bound, que será concluída em 19 de janeiro, conta com a participação da costa-riquenho Christiana Figueres, artífice do Acordo de Paris sobre mudança climática e ativista em prol do empoderamento feminino. EFE