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A fama e o destino dos 3 astronautas da missão Apollo 11

16/07/2019 07h11

Jorge A. Bañales.

Washington, 16 jul (EFE).- Neil Armstrong ganhou fama como o primeiro homem a pisar na Lua, seguido por Buzz Aldrin, enquanto Michael Collins os esperava orbitando no módulo Columbia. Mas por que eles foram os escolhidos para desempenhar esses papéis?

A forma como Armstrong, Aldrin e Collins foram selecionados para a missão, que há 50 anos deu aos Estados Unidos uma grande vantagem na corrida espacial com a então União Soviética (URSS), foi resultado de um complexo sistema de tripulações alternadas.

E as razões pelas quais Armstrong - e não Aldrin - saiu primeiro pela escotilha do módulo Eagle para pisar na Lua variam, dependendo de quem conta a história.

Durante o programa Apollo (1961-1972), a seleção da tripulação de cada missão era responsabilidade de Deke Slayton, um dos astronautas do programa Mercury, que antecedeu o Apollo, que desenvolveu um sistema de revezamento pelo qual cada tripulação contava com uma equipe suplente que passaria a ser titular três missões mais tarde.

A sorte e a rotatividade entre 29 astronautas treinados para o programa Apollo colocaram em janeiro de 1969 Armstrong, Aldrin e Collins na missão destinada a descer na Lua.

A equipe iniciou a viagem ao espaço em 16 de julho de 1969 no foguete Saturno V do Centro Kennedy, no sul da Flórida, e três dias depois a cápsula Columbia ficou na órbita lunar sob o controle de Collins.

Em 20 de julho, Armstrong e Aldrin desprenderam o módulo Eagle da Columbia, desceram na Lua e entraram para a história em imagens em preto e branco sem precedentes.

As especulações sobre quem sairia primeiro do Eagle começaram seis meses antes e, em parte, a ordem de saída teve como precedente o protocolo do programa Gemini, pelo qual o comandante permanecia dentro da nave e o piloto fazia a excursão espacial.

Segundo uma memória escrita por Chris Kraft, diretor do Controle de Missão, Buzz Aldrin queria desesperadamente essa honra e não foi tímido em expressar o desejo aos colegas antes da missão partir rumo à Lua.

Em entrevista concedida em 2015, Aldrin, que agora tem 89 anos, disse que em todas as missões prévias os subordinados eram escolhidos para sair das cápsulas, e não o comandante da nave em questão.

"Mas muita gente optou pelo grande simbolismo do comandante em expedições passadas ao chegar ao destino. A decisão tomada foi absolutamente correta", ressaltou o astronauta na entrevista.

"Eu acho que teria feito de maneira diferente. Mas eu não era o comandante, e sim o subordinado, de modo que assim que saímos eu segui meu líder", completou.

A versão oficial da Nasa é um pouco diferente e se apoia em razões técnicas. A agência espacial americana inicialmente tinha previsto que Aldrin seria o primeiro a sair, mas a escotilha abria do lado de Armstrong.

"Para que Aldrin saísse primeiro teria sido necessário que um astronauta com um traje volumoso e uma mochila nas costas passasse por cima do outro. Quando esse movimento foi tentado, causou danos dentro do módulo lunar", explicou a agência espacial.

Os três astronautas fizeram história sendo ainda jovens. Aldrin tinha 39 anos e os outros dois 38. Depois de retornarem à Terra e de a poeira do feito histórico abaixar, suas vidas continuaram.

Armstrong deixou a Nasa em 1971 e deu aulas no Departamento de Engenharia Espacial da Universidade de Cincinnati, além de participar das comissões que investigaram os acidentes da Apollo 13 e da nave Challenger.

Teve uma longa carreira no setor privado e se beneficiou dos direitos de propriedade intelectual sobre o seu nome, sua imagem e sua famosa frase ao comentar sobre o momento em que pisou na Lua: "Um pequeno passo para o homem, um grande salto para a humanidade". Faleceu aos 82 anos em 2012.

Aldrin também deixou a Nasa em 1971 para ser comandante da Escola de Pilotos de Teste da Força Aérea. Após a morte de seu pai em 1974, passou por um período de depressão, alcoolismo e uma fracassada tentativa de vender carros usados.

Após recuperar a saúde, Aldrin iniciou carreira no setor privado, que incluiu a promoção de projetos aeroespaciais e papéis em 20 filmes e programas de televisão.

Aos 89 anos, Aldrin leva uma vida intensa, mostrada por ele nas redes sociais. No Twitter, o ex-astronauta guarda um espaço para lembrar aquela grande façanha.

"Todos vimos uma Lua crescente, mas eu sou um dos poucos que pode dizer que viu uma 'Terra crescente'. É uma vista que nunca esquecerei", escreveu recentemente.

Collins saiu da Nasa em 1970, trabalhou no Departamento de Estado, foi diretor do Museu Nacional do Ar e Espaço e após cinco anos como vice-presidente da companhia LTV Aerospace abriu a sua própria empresa de consultoria aeroespacial.

Agora, aos 88 anos, a fortuna do único dos viajantes da Apollo 11 que não pisou na Lua é calculada em US$ 100 milhões, muito acima do que acumularam seus companheiros de viagem. EFE