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Estudo descreve crocodilo gigante que viveu há 70 milhões de anos em São Paulo

Réplica da cabeça do crocodilo que viveu há 70 milhões de anos na região do atual sudeste de São Paulo - Fábio Motta/Estadão Conteúdo
Réplica da cabeça do crocodilo que viveu há 70 milhões de anos na região do atual sudeste de São Paulo Imagem: Fábio Motta/Estadão Conteúdo

Roberta Jansen

16/08/2018 09h25

Um crocodilo gigante com até quatro metros de comprimento e com mordida tão potente que seria capaz de destruir a concha de um molusco e até o casco de uma tartaruga. Esse é o Roxochampsa paulistanus, que viveu há 70 milhões de anos em São Paulo - e pode ser considerado tio-avô dos atuais crocodilianos. Ele foi descrito por pesquisadores da Universidade do Estado do Rio (Uerj) e da Federal do Rio (UFRJ) em estudo publicado na revista científica Plos One.

O grupo encontrou fósseis de mandíbula e dentes de dois indivíduos em rochas da formação Presidente Prudente, no sudoeste paulista. Os fósseis, concluíram eles, pertenciam a um gênero totalmente diferente de outros animais pré-históricos já achados no local. Ele teria sido contemporâneo de um dos maiores dinossauros que já habitaram o País, o Austroposeidon magnificus.

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O professor da Uerj André Pinheiro explica que ele teria, no mínimo, 2,5 metros de comprimento, e só a cabeça tinha 40 centímetros. Vivia em região cortada por rios e as características dos dentes e da mandíbula indicam  dieta variada, que incluía peixes de água doce,  moluscos, caranguejos e tartarugas. Teria sido extinto juntamente com os dinossauros, há cerca de 65 milhões de anos, e, por isso, não deixou descendentes diretos.

Roxochampsa paulistanus - Maurílio Oliveira - Maurílio Oliveira
Roxochampsa paulistanus predando uma tartaruga no final da Era Mesozóica
Imagem: Maurílio Oliveira

“O formato de seus dentes, não muito pontudo e não muito achatado, com estrias profundamente marcadas de alto a baixo e esmalte robusto, indica que ele conseguia comer presas duras, animais com estruturas de proteção, como as tartarugas”, explica Pinheiro.

Homenagem

O nome da nova espécie foi dado em homenagem ao pesquisador Mathias Roxo que, em 1932 encontrou dois dentes e uma tíbia que teriam pertencido a um crocodilo pré-histórico, mas se tornaram um grande enigma da paleontologia. Na época, Roxo só conseguiu associar o seu achado a espécies encontradas no Hemisfério Norte e se questionava como eles teriam vindo parar por aqui.

“Roxo só errou ao identificar as características como ligadas a espécimes que viviam no Hemisfério Norte”, explicou Pinheiro. “Esse grupo, na verdade, está aparentado com animais terrestres do sul. Esse espécime em especial, se destaca por ser semi-aquático.”