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Como é a perda de movimento e sensibilidade em pessoas com lesão medular?

Lilian Ferreira

Do UOL Ciência e Saúde

16/04/2010 05h00

A primeira coisa para entender o que uma pessoa com lesão medular pode sentir ou mover é saber onde foi a lesão e depois se ela é completa ou não. "Abaixo da área afetada é paralisado; se for uma lesão na região cervical, chamamos de tetraplegia, com perdas abaixo da área do pescoço; se for na região lombar, é paraplegia", explica Milani.

Além disso, há diferença se a lesão é completa ou incompleta: se a medula foi totalmente rompida, temos uma lesão completa, com difícil recuperação, já se a lesão é incompleta, só uma parte foi rompida e alguns movimentos e sensações podem ser recuperados.

"A retomada varia de caso a caso. É como se antes existisse uma ponte que foi destruída, aos poucos ela é reerguida, primeiro com uma ponte mais frágil, que não transporta ônibus e caminhões, por exemplo. Depois, é possível que se criem caminhos alternativos para fazer a ligação. Nestes casos, um pensamento pode resultar em um movimento diferente daquele imaginado", explica o neurologista.

Assim, é muito difícil saber o que uma pessoa com lesão medular incompleta pode sentir ou mover na parte do corpo afetada, porém o médico destaca que as sensações são mais difíceis de serem retomadas.

"A função motora é vital, então há uma tentativa maior do organismo de recuperação. A sensibilidade é mais prejudicada, já que sentir depende de memória da sensação, e demora mais tempo para o cérebro conseguir a conexão adequada".

Sensibilidade x movimento

As regiões que controlam sensibilidade e movimento são distintas tanto no cérebro quanto na medula, então por que normalmente atrelamos a perda de movimento com a perda de sensibilidade?

Milani explica que o que a gente sente "vem de fora", é um estímulo externo que vai em uma "via de subida" do corpo para o cérebro; já o ato motor é de "dentro para fora" e vai em uma via "de descida". Apesar disto, eles têm uma ligação, tanto nas áreas cerebrais quando na medula e geralmente quando um é afetado, por um trauma, o outro também é.