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Duas em cada três pessoas admitem preconceito contra quem sofre de doença de pele

Lilian Ferreira <br>Do UOL Ciência e Saúde

Em São Paulo

19/10/2010 19h27

O estigma sofrido por quem tem psoríase, uma doença inflamatória que afeta principalmente a pele (mas também pode atingir as articulações), é grande e prejudica a qualidade de vida dos doentes. Em pesquisa Ibope, feita em oito capitais brasileiras a pedido da farmacêutica Janssen-Cilag , 70% dos entrevistados afirmaram que teriam reações preconceituosas ao se deparar com as manchas na pele no formato de placas avermelhadas, principal característica da doença que acomete cerca de 4 milhões de brasileiros.

Sentir pena, nojo e tristeza são os sentimentos mais comuns. Mais de 80% das pessoas disseram não entrar em uma piscina se alguém com psoríase estivesse nela. Cerca de 73% delas não gostariam de ser atendidas por uma pessoa com a doença, seja garçom, cozinheiro, dentista ou médico. Já para acompanhar em lugares públicos e ter como amigo, a maioria não viu problemas.

Apenas 7% já ouviram falar na psoríase, 63% acreditam que ela é rara e 44% que é contagiosa. “A doença é frequente, cerca de 4% da população tem. E ainda é muito desconhecida, a maioria acha que é contagiosa, mas ela é uma doença genética”, explica Artur Antonio Duarte, coordenador do Ambulatório de Imunobiológicos e Colagenoses da Unisa.

A predisposição genética é a principal causa da psoríase, a defesa imunológica do corpo começa a agredir a pela e causa inflamações. Seu aparecimento pode ser antecipado por distúrbios emocionais e infecções.

Obesidade e qualidade de vida

“Devido ao grande preconceito, as pessoas com a doença mudam de comportamento, ficam mais reclusas, escondem o corpo. Aí elas acabam não praticando atividades físicas e de lazer, geralmente têm depressão e passam a comer mais e não sair de casa”, conta Duarte. Além disso, a própria inflamação da psoríase favorece o aumento de gordura, provocando alta do colesterol ruim e diabetes, além da obesidade.

Apesar disto, o médico ressalta que o tratamento elimina 75% das lesões, melhorando a qualidade de vida do paciente. “A primeira reação das pessoas se descobrissem ter a doença seria procurar tratamento e já há remédios eficientes. O dermatologista é o médico indicado, que irá procurar o melhor tratamento, seja com loções locais, quando as manchas são pequenas, fototerapia ou sol, ou tratamentos sistêmicos com quimioterápicos e os mais modernos imunobiológicos, para os casos moderados e graves”.