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Segundo homem a pisar a Lua quer ser o primeiro em Marte

O ex-astronauta norte-americano Buzz Aldrin fala durante palestra na Campus Party - Lalo de Almeida/Folhapress
O ex-astronauta norte-americano Buzz Aldrin fala durante palestra na Campus Party Imagem: Lalo de Almeida/Folhapress

Ingrid Tavares

Do UOL, em São Paulo

29/01/2013 15h06

Com respeitáveis 83 anos, Edwin Buzz Aldrin, o segundo homem a pisar a Lua, não pensa mais em sair da órbita da Terra, mas quer ajudar a primeira equipe a pousar em Marte.

Durante sua palestra em Campus Party, evento de tecnologia que ocorre em São Paulo nesta semana, ele anunciou que já desenvolveu um projeto de exploração do planeta vermelho muito peculiar, que está no seu novo livro, Mission to Mars: my vision to space exploration (Missão para Marte: minha visão da exploração espacial, em tradução livre), que deve ser lançado em maio deste ano.

O astronauta da clássica missão Apollo 11 – que também é dono de um diploma em Astronáutica no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês) – afirma que os esforços das pesquisas espaciais deveriam se concentrar agora em Marte.

"Eu sempre senti que Marte deveria ser o próximo foco [das missões espaciais depois da conquista da Lua]. Sempre sonhei em ir para lá, mas não consegui."

Com ajuda de pesquisadores da Universidade Purdue, em Indiana, nos Estados Unidos, Buzz diz que duas cápsulas poderiam levar homens à Marte se fizerem trajetos cíclicos entre as órbitas dos dois planetas - as espaçonaves se revezariam para deixar e buscar as tripulações, aproveitando os momentos em que Marte fica mais “próximo” da Terra e vice-versa. Cada equipe de astronautas ficaria meses longe da Terra, nos moldes do que é feito com a estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês).


Depressão

Ao resumir sua biografia, misturando passagens históricas da corrida espacial que marcaram a Guerra Fria, Buzz brincou sobre o fato de ter sido o segundo homem a pisar na Lua, logo depois de Neil Armstrong, morto no ano passado. “Armstrong era o comandante da missão, e líderes devem ficar na frente de seus homens. Mas ele também era o mais próximo da porta de saída. Vocês decidem.”

Para o astronauta, o momento mais delicado de toda a missão Apollo 11 foi o pouso, já que restava pouco combustível e eles não encontravam um lugar ideal para a alunissagem da nave. Quando saiu do módulo, “que não era muito maior do que um automóvel”, disse ter tido cuidado para não trancá-los para fora.

Mas foi um tanto melancólica a recordação que ele trouxe na volta da viagem. Depois de definir a paisagem do satélite como uma “desolação magnífica”, Buzz revelou ter ficado deprimido depois do feito histórico de 1969.

Sem apoio de colegas ou da Nasa (Agência Espacial Norte-Americana), ele disse ter recorrido à bebida quando voltou à Terra. “Perdi contatos com amigos e destruí minha família com a bebida. Quando percebi que o que eu mais amava era o espaço, voltei a focar minha atenção nisso para me recuperar do vício. Hoje, estou recuperado.”