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Rosetta supera ficção ao pousar robô em cometa na busca pela origem da vida

Imagem enviada pelo robô Philae mostra aproximação do cometa 67P, antes do pouso: missão histórica - ESA/Rosetta/Philae/ROLIS/DLR
Imagem enviada pelo robô Philae mostra aproximação do cometa 67P, antes do pouso: missão histórica Imagem: ESA/Rosetta/Philae/ROLIS/DLR

Do UOL, em São Paulo

12/11/2014 21h16

Um sinal emitido a mais de 500 milhões de quilômetros da Terra mudou a história da exploração espacial nesta quarta-feira (12), ao anunciar que o robô Philae havia pousado com sucesso sobre o cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko. Dotado de um laboratório miniaturizado, o robô integra a missão Rosetta, que busca mais respostas sobre a origem da vida na Terra.

O projeto da Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês), que custou o equivalente a R$ 4 bilhões, entra para a história por fazer aquilo que até então só existia na ficção-científica. Um feito de engenharia, ciência e matemática combinados permitiu que um robô de tamanho semelhante ao de uma máquina de lavar viajasse 6 bilhões de quilômetros atracado à sonda Rosetta para alcançar o cometa 67P e, após alinhamento, iniciasse uma descida de sete horas para pousar pela primeira vez em um cometa.

O robô Philae, aliás, pode ter pousado não apenas uma vez, mas duas vezes, segundo indicou  Stephan Ulamec, gerente de pouso da missão Rosetta. Informações iniciais apontam que o robô teria “quicado” sobre a superfície, antes da aterrissagem final. “Hoje não pousamos apenas uma vez, mas duas vezes no cometa”, afirmou Ulamec, sob aplausos dos cientistas e jornalistas reunidos no centro de Darmstadt, na Alemanha.

A preocupação é que o robô não está fixado como deveria à superfície do cometa. Durante a operação, os arpões que deveriam ter sido disparados pelos pés do robô não funcionaram. Os cientistas terão de decidir se tentarão acionar os arpões novamente para garantir a atracagem.

A posição na qual se encontra a sonda Rosetta, abaixo da linha do horizonte do cometa, fez com que o centro de controle perdesse o link antes do horário programado. A comunicação deve ser restabelecida nas primeiras horas desta quinta-feira (13), quando os cientistas saberão qual é a posição correta do robô Philae.

Primeiras imagens

As primeiras imagens enviadas pelo robô Philae mostram a aproximação do cometa 67P. Os cientistas esperam que nesta quinta-feira seja possível receber imagens já do robô na superfície.

“Foi um grande passo para a civilização humana”, afirmou Jean-Jacques Dordain, diretor da Agência Espacial Europeia.

O robô é capaz de coletar e analisar amostras do solo, além de captar imagens que chegam ao centro de controle com uma atraso de meia hora. Como a distância entre o cometa e a Terra é considerável, os cientistas decidiram que não seria possível trazer as amostras -- por isso optaram por enviar um laboratório ao cometa. 

O que faz do pouso do robô Philae um feito histórico repousa fundamentalmente no propósito da missão Rosetta. Os cientistas esperam descobrir mais pistas para determinar se a origem da vida no planeta Terra poderia estar associado ao bombardeio de cometas em eras passadas. “Cometas são a fonte original da água na Terra. Aquele robozinho está agora posicionado e pronto para reescrever o que sabemos sobre nós mesmos”, escreveu o astronauta canadense Chris Hadfield, que foi comandante da Estação Espacial Internacional.

Os cometas são feitos de material que data da origem dos planetas e do nascimento do sistema solar. Os cientistas esperam aprender mais sobre essa formação e como os cometas carregaram água e materiais orgânicos complexos para os planetas.

Não é a primeira vez que uma agência espacial envia uma sonda a um cometa. Em 1986, a Nasa (agência espacial norte-americana) enviou uma sonda que voou pela cauda do cometa Halley. Em 2005, a aeronave Impacto Profundo chegou a disparar um bloco de cobre no tempo Temple 1. Mas somente a missão Rosetta pode dizer que pousou um robô na superfície de um cometa.