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Clique Ciência: como um veículo pode dirigir sozinho?

Carro autônomo do Google - Reuters/Google/Divulgação
Carro autônomo do Google Imagem: Reuters/Google/Divulgação

Tatiana Pronin

Do UOL, em São Paulo (SP)

07/07/2015 06h00

Carros autônomos, que trafegam sem auxílio do motorista, sempre nos remetem a filmes de ficção científica. Mas muitas empresas já têm protótipos bastante sofisticados, como o Google, a Volvo e a Mercedes Benz. E até a presidente Dilma Rousseff testou um deles recentemente, na Califórnia. Mas como funciona essa tecnologia? E quais benefícios ela pode trazer para as pessoas, além da liberdade para dormir, trabalhar ou se divertir enquanto o veículo enfrenta o trânsito sozinho?

Para dirigir de forma autônoma, um carro precisa, basicamente, de sensores, radares a laser e câmeras para identificar pedestres, buracos, obstáculos, faixas pintadas no asfalto etc. Ligados a computadores instalados no veículo, os equipamentos processam a informação e acionam o freio, o acelerador e o volante conforme o necessário. Por último, é preciso contar com um GPS de alta precisão - não esse que você usa para ir a um endereço desconhecido. 

Além de tudo isso, é essencial que os veículos autônomos estejam integrados à infraestrutura do município por onde irá trafegar, para receber dados como chuvas, problemas de asfalto e de trânsito. "É aí que você chega a um alto grau de eficiência", afirma Jorge Mussi, diretor de assuntos governamentais e serviços ao cliente da Volvo Cars, empresa que há algum tempo apresentou no Brasil o modelo que deve rodar nas ruas de Gotemburgo, na Suécia, até 2017. Serão 100 automóveis nas mãos (ou melhor, sem elas) de consumidores comuns da cidade.

Segurança

As vantagens proporcionadas por um carro autônomo são inúmeras. A primeira e mais óbvia é a segurança. "Cerca de 95% de todos os acidentes de trânsito são causados por falha humana", conta Mussi. Se for possível eliminar todas as tragédias provocadas do por sono, falta de atenção e uso de álcool, sobra um percentual pequeno atribuível às máquinas.

O problema, como o próprio executivo ressalta, é que a maioria dos modelos de carros autônomos disponíveis hoje ainda requer algum grau de intervenção humana - até porque a tecnologia é incipiente. Assim, antes de se lançar um veículo desses no mercado seria preciso garantir que, em caso de acidentes, seja possível identificar claramente quem teve culpa: o motorista ou o automóvel. No segundo caso, o fabricante é que seria punido. E, claro: seria preciso aprovar uma legislação específica antes de o cenário se formar.

Economia

Mas os lucros para a sociedade seriam incontáveis: "Estima-se que só um atropelamento na Marginal, em São Paulo, custe de 2 a 5 milhões de reais para a sociedade, já que envolve helicóptero, polícia, ambulância, hospital, seguro obrigatório etc", ilustra Mussi. Isso sem contar o impacto para os indivíduos - emocional e também financeiro. "Se você considerar que passa um carro por segundo em cada uma das cinco faixas da Marginal, são cerca de 9.000 os automóveis parados em 30 minutos", ilustra o especialista.

Considerando o tamanho médio dos veículos, a distância entre eles e o número de faixas da Marginal, o congestionamento chega a nove quilômetros. "Essas 9.000 pessoas paradas estão sem trabalhar e estressadas", continua o executivo. E mais: estão gastando mais combustível porque precisam acelerar e brecar, acelerar e brecar...Isso envolve gasto extra e prejudica o meio ambiente, porque há mais emissões de CO2. "São aproximadamente 4.500 litros de combustível jogados fora", completa Mussi.
A partir do momento em que todos os veículos - inclusive ônibus e caminhões - funcionarem por conta própria em uma cidade, ainda será possível reduzir o espaço entre eles e aproveitar melhor a infraestrutura. Tudo isso eliminaria a necessidade de ampliar faixas de rolamento e construir novas rodovias. Assim, quem sabe, as pessoas pagariam menos impostos e sobraria mais dinheiro para investir em novas tecnologias para acessar durante os trajetos.