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Olhos de presas e predadores mudam para ajudar na sobrevivência

Paula Moura

Do UOL, em São Paulo (SP)

07/08/2015 15h37

Você já deve ter percebido que as pupilas dos gatos domésticos é diferente da nossa. Elas têm o formato de uma fenda, enquanto a dos humanos, é circular. Pesquisadores analisaram 200 espécies de animais terrestres e concluíram que o desenvolvimento de vários tipos de pupila está relacionado ao animal ser predador ou presa. O motivo dessas diferenças foi tema de um estudo divulgado nesta sexta-feira na publicação científica Science Advances.

“A principal função da pupila é controlar a entrada de luz. Ela expande quando a quantidade de de luz é reduzida e diminui quando aumenta. Mas não é só isso, ela também controla a precisão das imagens”, afirmou o pesquisador Martin Banks, da Universidade de Berkeley, nos Estados Unidos. Ou seja, ela controla onde estará o foco de visão e o que vai ficar fora de foco.

Os predadores, geralmente têm pupilas verticais, para ver com precisão linhas, barras e bordas verticais e desfocar as laterais. Essa pupila também ajuda a calcular distância das presas. Os olhos dos predadores geralmente estão no centro da cabeça. Já as presas, têm pupilas horizontais. Ao aumentarem a quantidade de luz que entra nos olhos, deixam o horizonte mais preciso (para facilitar uma possível fuga). Além disso, esses animais tendem a ter olhos no lado da cabeça, oferecendo um campo de visão panorâmico que permite ver possíveis ameaças se aproximando de qualquer direção.

Os pesquisadores também confirmaram que a pupila alongada é capaz de aumentar mais do que as circulares.“Um gato é capaz de ter uma dilatação de pupila dez vezes maior que a dos humanos”, diz Banks. Isso ajuda na visão noturna além de dar mais precisão no foco.

Rotação das pupilas horizontais

Banks observou animais no zoológico, enquanto seu colega Gordon Love, da Universidade de Durham, no Reino Unido, foi a uma fazenda para entender como as pupilas se comportam no momento em que os animais se alimentam, ou seja, quando abaixam a cabeça (assista ao vídeo acima).

Surpreenderam-se ao verificar que as pupilas de ovelhas e cavalos – todas horizontais – não ficavam perpendiculares ao solo com esse movimento, o que poderia atrapalhar a visão. Em vez disso, as pupilas giram: uma em sentido horário e a outra em sentido anti-horário e continuam paralelas ao chão. Banks e Love explicam que o mesmo acontece nos olhos humanos, mas em uma escala muito menor.
 
Exceções

Uma das exceções mais intrigantes à teoria, segundo Banks, é o mangusto, que tem os olhos no centro da cabeça, mas as pupilas são horizontais. A equipe decidiu estudar apenas animais terrestres por terem comportamentos mais simples de analisar. Os pássaros, por exemplo, têm alterações maiores quando realizam voos rasantes para caçar.

“Nossa teoria não pode ser usada para animais que vivem em árvores, peixes ou pássaros. As pupilas mais estranhas do reino animal são a dos peixes, e ainda não sabemos o porquê. Conheço um cientista que está pesquisando pupilas de animais aquáticos com formato da letra W, talvez nosso próximo estudo seja em conjunto com ele.”

Se quiser ler o estudo completo (em inglês) clique aqui