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Mapa permite estimar idade das estrelas da Via Láctea

Foto da Nasa (Agência Espacial Norte-Americana) mostra o centro da Via Láctea - NASA/JPL-Caltech via The New York Times
Foto da Nasa (Agência Espacial Norte-Americana) mostra o centro da Via Láctea Imagem: NASA/JPL-Caltech via The New York Times

Da Agência USP

30/12/2015 06h00

Astrônomos conseguiram elaborar pela primeira vez um mapa que permite estimar a idade de estrelas que compõem o halo da Via Láctea. Utilizando dados de um telescópio localizado no Novo México (EUA), cientistas de todo o mundo já podem estimar idades de qualquer região da galáxia, usando somente singelas variações nas cores das estrelas.

Com a elaboração do mapa, algumas “incertezas” que até então existiam sobre a formação da Via Láctea poderão ser mais bem definidas. Isso porque o halo é um ambiente que contém objetos quase tão velhos quanto o próprio universo, então compreendê-lo é importante para entender a evolução das galáxias como um todo.

Uma das descobertas da pesquisa, que uniu cientistas de diversas universidades pelo mundo, é que as estrelas localizadas na região central da galáxia são as mais velhas. Essa informação confirma que, nestes modelos, a Via Láctea se formou a partir de um colapso gravitacional de uma enorme nuvem de gás, onde as estrelas foram formadas primeiro nas regiões mais internas e depois nas regiões externas.

“Nosso mapa consegue ver exatamente isso, os objetos mais próximos do centro da Galáxia têm uma idade de cerca de 13 bilhões de anos enquanto as regiões mais externas são em geral mais jovens, com cerca de 9 bilhões de anos”, afirma Rafael Miloni Santucci, cientista do IAG (Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas) da USP que participou do projeto.

 Os resultados do estudo foram compilados em um mapa cronográfico que contou com uma amostra de quase 5 mil estrelas branco-azuladas do halo, em uma fase evolutiva onde fundem hélio em carbono em seus núcleos.

“As cores das estrelas estão relacionadas com suas temperaturas, que por sua vez estão relacionadas com suas massas, sendo que estas regem seus tempos de vida”, explicou Santucci. Por isso as cores estelares foram de tamanha importância na pesquisa.

Para se compreender melhor, é possível observar que, por exemplo, que as estrelas de cor mais avermelhada, cujas temperaturas são mais baixas, são encontradas predominantemente nas regiões mais externas da galáxia. “Para este tipo de estrelas, quanto mais avermelhada a cor, mais jovem ela é. Além disso, as estrelas mais azuladas, e portanto mais velhas, são encontradas predominantemente nas regiões próximas ao centro galáctico”, explicou o cientista.

Outras análises

Santucci conta que a primeira observação que levou em conta as cores das estrelas foi feita em 1991, pelo astrônomo norte-americano George W. Preston. “Na oportunidade ele analisou uma amostra de aproximadamente 150 estrelas do halo galáctico”. O cientista afirma ainda que o próximo mapa cronográfico da Via Láctea será feito com base em cerca de 100 mil estrelas.

Na região do halo da Galáxia ocorrem colisões com galáxias menores. Um mapa cronográfico permite identificar estas galáxias que estão sendo engolidas pela Via Láctea, estimando as suas idades e, até mesmo, outras estruturas resultantes de colisões ou da própria formação inicial da galáxia.

“Conseguimos identificar, por exemplo, um evento de destruição da pequena galáxia de Sagitário na região do halo que está ocorrendo há alguns bilhões de anos”, afirma Santucci. “É um bom exemplo de como o mapa pode ser útil, podemos avaliar não só a origem do Halo, mas também sua evolução com as diversas interações da Galáxia com outras galáxias menores no decorrer do tempo.”