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Supervulcões têm reserva de magma a 75 km de profundidade

Moises Castillo/AP
Imagem: Moises Castillo/AP

Em São Paulo

19/07/2016 17h39

Um novo estudo feito por cientistas da Rússia desvendou o mecanismo que controla os supervulcões - classificação atribuída aos vulcões que causaram as erupções mais devastadoras na Terra. Os pesquisadores conseguiram explicar por que eles têm um volume de magma tão grande e porque entram em atividade muito raramente.

Estudando o supervulcão de Toba, na Indonésia - que entrou em erupção pela última vez há 74 mil anos, produzindo uma catástrofe global -, os pesquisadores revelaram que esse tipo de vulcão é alimentado por um complexo e profundo sistema de bombeamento de magma.

A mais de 150 quilômetros de profundidade, sob as placas tectônicas sobrepostas, esse sistema envia gases e magma, que ficam armazenados em um imenso reservatório a 75 quilômetros da superfície. O mesmo tipo de sistema foi identificado também no supervulcão de Yellowstone, nos Estados Unidos.

Quando o reservatório de magma atinge um nível crítico e pressão por causa dos gases armazenados, o reservatório se esvazia, produzindo uma erupção de grande escala. O estudo, publicado na revista científica Nature Communications, foi liderado por Ivan Koulakov, chefe do Laboratório de Sismologia do Instituto de Geologia e Geofísica de Petróleo da Rússia.

O supervulcão de Toba produziu um efeito devastador no clima global e na biosfera, quando literalmente explodiu pela última vez, há 74 mil anos, lançando pelos ares 2,8 mil km3 de material.

Para se ter uma ideia da escala, basta fazer uma comparação com os 4 km³ de material ejetado pela conhecida erupção do Monte Vesúvio, no ano 79 - que destruiu as cidades de Pompeia e Herculano, matando cerca de 16 mil pessoas - que liberou uma energia térmica mil vezes maior que a da bomba de Hiroshima.

Alguns cientistas defendem a chamada Teoria da Catástrofe de Toba: a erupção devastadora há 74 mil anos teria obscurecido a luz solar, fazendo as temperaturas caírem mais de cinco graus Celsius por alguns ano - o que teria acabado com várias espécies, quase extinguindo os ancestrais dos humanos.

A catástrofe de Toba explicaria, portanto, um dos principais mistérios da genética. Estudos genômicos mostram que os genes de todos os seres humanos atuais têm origem em apenas algumas milhares de pessoas que viveram há alguns milhares de anos, em vez de fazerem parte das linhagens humanas muito mais antigas, como seria coerente com os registros fósseis. Todos os seres humanos seriam descendentes dos sobreviventes da erupção do Toba.

O poder das erupções vulcânicas é medido com o Índice de Explosividade Vulcânica (VEI, na sigla em inglês). A escala vai de 1 a 8, sendo que cada ponto significa uma erupção 10 vezes maior que o precedente. Só os supervulcões, como o de Toba e o de Yellowstone, têm erupções de magnitude 8. Nenhum deles explodiu nos últimos 20 mil anos.