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Superpoder? Cientistas descobrem segredo do animal mais resistente do mundo

Museu de NY ganha versão gigante do tardígrado

Band News

Do UOL, em São Paulo

20/09/2016 12h00

Há quem diga que ele parece um hipopótamo minúsculo. Outros acham que ele lembra um ácaro. Também é chamado de urso d'água. Mas o que faz o tardígrado (Ramazzottius variornatus) ser especial é a sua capacidade de ser quase imortal.

O animal microscópico, de 1,5 milímetro de comprimento, vive em diferentes ambientes aquáticos e consegue sobreviver ao impensável. Ele não morre mesmo quando exposto a temperaturas mais quentes do que água fervente ou próximas ao zero absoluto.

Ele também sobrevive fora da Terra, mesmo sob intensa radiação e pode ficar adormecido por anos, como se estivesse morto. Com uma gota de água ele acorda, se hidrata, e aumenta de tamanho.

Tanta versatilidade tinha que ser estudada e, por isso, ele virou o queridinho dos cientistas.

Para entender de onde vem tanta proeza, pesquisadores da Universidade de Tóquio sequenciaram o DNA do tardígrado. O estudo foi publicado na revista Nature Communications nesta terça-feira (20).

Eles descobriram que o ser tem em seu gene uma proteína capaz de resistir a danos causados no DNA. A descoberta sugere que essa proteína ajuda as células a tolerar ambientes extremos sem causar alterações no genoma.

Essa proteína inoculada em células humanas diminuiu os danos causados por radiação por raios-x e aumentou a tolerância contra radiação.

A descoberta da proteína, portanto, pode ajudar a criar mecanismos para proteger células humanas contra fatores externos, como a radiação e outros, segundo os cientistas.

Proteção contra raio-x

Na primeira sequência do genoma feita no Japão, os cientistas observaram que o DNA do tardígrado é formado por vários genes de outras espécies, o que pode explicar como ele adquiriu tantas características de resistência ao longo de sua evolução.

Ainda não se sabe como é que isso aconteceu. Segundo o pesquisador Takekazu Kunieda, há evidências de que essa transferência genética ocorreu de forma horizontal, sem reprodução, o que aumenta o mistério.

Embora ainda não esteja claro como essas adaptações se deram em nível molecular, os resultados sugerem que os tardígrados criaram estratégias únicas para lidar com ambientes extremos. E elas serão cada vez mais estudadas para encontrar mecanismos que melhorem a saúde humana.