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Nuvem de gás colidirá com a Via Láctea e choque deve criar novas estrelas

Imagem artística da Nuvem Smith, que teria sido catapultada pela própria Via Láctea - Reprodução/Nasa
Imagem artística da Nuvem Smith, que teria sido catapultada pela própria Via Láctea Imagem: Reprodução/Nasa

Do UOL, em São Paulo

27/11/2016 06h00

Existem diversas nuvens de gás orbitando a Via Láctea. Uma das primeiras a ser observada foi a Nuvem Smith, descoberta por Gail Smith em 1963. Essa nuvem surpreendeu os astrônomos nos anos 2000 devido a uma assustadora conclusão: ela está em rota de colisão com a Via Láctea. Agora, uma pesquisa da Nasa traz novas descobertas. A Nuvem Smith está, na realidade, voltando em direção à Via Láctea, após ter sido catapultada no espaço pela nossa própria galáxia. 

Ela "cai" rápido. A nuvem, que possui quantidade de hidrogênio suficiente para criar 2 milhões de estrelas do tamanho do nosso Sol, se move pelo espaço a cerca de 300 km/s. No momento do impacto com um dos braços de nossa galáxia, uma explosão brilhante poderá levar à formação de novas estrelas. Mas, calma! O choque ocorrerá apenas daqui a 30 milhões de anos e provocará no máximo um leve "arranhão" na Via Láctea.

A Nuvem de Smith é minúscula em comparação com a espiral de estrelas gigante que compõe a nossa galáxia. O fato de estarmos caminhando para uma colisão estrelar nas vizinhanças do Sistema Solar desperta interesse nos cientistas muito mais pelos enigmas do fenômeno do que pela dimensão de suas consequências. A pesquisa mais recente ajuda a entender a origem da Nuvem Smith.

"Havia duas principais teorias. Uma delas era a de que a Nuvem Smith foi ejetada da Via Láctea, talvez por uma série de explosões de supernovas. A outra era de que a nuvem Smith é um objeto extragaláctico que foi capturado pela Via Láctea", diz Andrew Fox, do Instituto de Ciência do Telescópio Espacial, da Nasa (Agência Espacial dos EUA). 

Para investigar essas teorias, Fox e seus colegas examinaram a nuvem com auxílio do Telescópio Espacial Hubble em busca de pistas. Ao perceberem a luz ultravioleta de três galáxias distantes ser absorvida pela nuvem, eles constataram que um dos elementos presentes na nuvem é o enxofre. Analisando a quantidade de luz que a nuvem Smith absorve, os astrônomos conseguiram medir a abundância de enxofre que ela possui.

Tais dados levaram os pesquisadores a considerarem que a teoria da familiaridade entre a nuvem Smith e a Via Láctea é a mais plausível. "A abundância de enxofre na nuvem Smith é semelhante à abundância de enxofre no disco externo da própria Via Láctea", diz Fox.

Para o cientista, a nuvem teria sido ejetada da Via Láctea há 70 milhões de anos e estaria voltando ao lugar de onde saiu. Enquanto realiza a viagem "para trás", a Nuvem Smith vai se fragmentando e evaporando. "Está basicamente caindo aos pedaços", diz Fox. "Isso significa que nem todo o material da nuvem Smith sobreviverá para formar novas estrelas ao colidir com a Via Láctea".

Agora, os cientistas querem esclarecer outros mistérios. Que evento calamitoso teria catapultado a nuvem da Via Láctea? E como a nossa galáxia permaneceu intacta? Ainda temos 30 milhões de anos para pensar nessa nuvem de dúvidas que cai sobre nossa casa