Topo

Tubarão engravidou de si mesmo. Caso inédito de partenogênese é registrado

Tubarão-zebra Leonie ficou grávido mesmo sem ter tido contato com animal do sexo oposto - Divulgação/Universidade de Queensland
Tubarão-zebra Leonie ficou grávido mesmo sem ter tido contato com animal do sexo oposto Imagem: Divulgação/Universidade de Queensland

Do UOL, em São Paulo

17/01/2017 15h08

Um caso de partenogênese, uma forma de reprodução assexuada associada normalmente a algumas espécies de plantas, bem como insetos e anfíbios, foi registrado em um tubarão fêmea chamado Leonie, em um aquário localizado em Townsville, na Austrália, de acordo com pesquisa publicada nesta segunda-feira (16) na Scientific Reports.

A ocorrência deste tipo de reprodução, que é caracterizado pelo desenvolvimento e crescimento de um embrião sem a fertilização, em um tubarão-zebra (Stegostoma fasciatum) é inédito.

Segundo o estudo, Leonie apresentou uma mudança de reprodução sexuada para assexuada. O animal pariu três filhotes em 2013, após ter cruzado com um tubarão macho. Depois de ser separada de seu companheiro, três anos depois, em abril de 2016, voltou a botar ovos, ainda que não tenha tido contato com outro animal do sexo oposto nesse período.

Em nota, a doutora Chistine Dudgeon, uma das autoras do estudo e professora da Universidade de Queensland, afirmou que os pesquisadores chegaram a considerar a hipótese de o animal ter estocado esperma, mas esta teoria não se sustentou. "Quando testamos o DNA dos filhotes em busca de seus possíveis pais, descobrimos que eles só tinham células da Leonie".

Para os autores do estudo, a ausência de um companheiro abriu espaço para a haver uma adaptação no animal, desenvolvendo a possibilidade dele realizar a partenogênese. "Isto tem implicações enormes para a conservação e nos mostra o quão flexível o sistema reprodutivo do tubarão realmente é", afirmou Christine.

A possibilidade de os filhotes de Leonie também desenvolverem a possibilidade de fazer reprodução por meio da partenogênese será, agora, avaliada pelos pesquisadores. Caso isso ocorra, poderá ajudar a manter preservação da espécie, em risco de extinção, segundo a Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais.

A partenogênese, por outro lado, pode levar à redução da diversidade genética ao longo das gerações de tubarão.