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Homem morto há 1.400 anos tem rosto recriado, e é considerado "gato"

Universidade de Dundee
Imagem: Universidade de Dundee

Do UOL, em São Paulo

20/02/2017 13h49

Ele tem cabelos longos e ondulados, uma grossa barba "viking" e manchas suaves em torno de seu rosto. Foi brutalmente assassinado com golpes na cabeça, há 1.400 anos. Mas todo seu rosto pode ser visto agora, após um trabalho de reconstrução facial utilizando imagens em 3D feito por pesquisadores da Universidade de Dundee, na Escócia. Há quem já comece a chamá-lo de “esqueleto-gato”.

O rosto do homem, pertencente ao povo Picto, que habitou a Escócia no fim da era dos metais, foi revelado em imagens realistas de computador. Elas foram produzidas com um programa que usa fotografias digitalizadas do esqueleto para gerar diversas camadas do rosto, como músculos e pele. Após a reconstituição, os pesquisadores descreveram o homem como "surpreendentemente bonito".

O esqueleto do homem Picto foi encontrado em uma caverna na Ilha Negra, na Escócia. Eles ficaram surpresos devido à posição em que foi encontrado: de pernas cruzadas, algo incomum, com pedras grandes prendendo suas pernas e braços. Após análise de antropólogos, foram identificadas as lesões que o homem sofreu antes de morrer. Ao menos cinco impactos resultaram em fraturas na face e no crânio.

"Este é um esqueleto fascinante em um estado notável de preservação, que tem sido habilmente recuperado. Ao estudar seus restos, aprendemos um pouco sobre sua curta vida, mas muito mais sobre sua morte violenta", diz o antropólogo forense Dame Sue Black.

Esqueleto do homem Pict - Universidade de Dundee - Universidade de Dundee
Esqueleto do homem Pict foi encontrado em uma caverna na Ilha Negra, na Escócia, de pernas cruzadas
Imagem: Universidade de Dundee

Morte bárbara

Segundo os pesquisadores, o primeiro impacto quebrou seus dentes no lado direito da boca. O segundo quebrou sua mandíbula no lado esquerdo. O terceiro resultou em fratura na parte de trás da cabeça. O quarto impacto atravessou o crânio de lado a lado. O quinto, no topo do crânio, deixou o maior buraco. Foram utilizadas armas como pedras em todos os ataques.

A datação feita com o método do Carbono 14 indica que ele morreu entre 430 e 630 DC. O esqueleto foi descoberto quando uma equipe estava escavando o local com objetivo de determinar quando a caverna fora ocupada.

Abaixo de camadas relacionadas com o uso da caverna desde a virada do século 20, eles encontraram evidências de que o local tinha sido utilizado para ferraria durante o período Picto. Contudo, o achado inesperado do esqueleto deu à caverna um significado diferente.

"Embora não saibamos por que o homem foi morto, a disposição de seus restos nos dá uma visão da cultura daqueles que o enterraram. Talvez seu assassinato fosse o resultado do conflito interpessoal. Ou havia um elemento sacrificial relacionado à sua morte?", questiona o líder das escavações, Steven Birch.

Os pesquisadores esperam que a análise do esqueleto forneça mais detalhes do lugar e da importância do homem.