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Sente coceira quando vê outra pessoa se coçar? Os cientistas sabem o porquê

Getty Images
Imagem: Getty Images

Do UOL, em São Paulo

14/03/2017 16h20

Só de olhar uma pessoa se coçar já te dá coceira? Não é psicológico. De acordo com uma pesquisa publicada na revista Science, trata-se de uma resposta química que acontece no cérebro.

Pesquisadores do Centro da Universidade de Washington para o Estudo da Coceira usaram ratos para determinar o que acontece no cérebro quando os animais se coçam após observarem os colegas fazendo a mesma coisa.

Liderados pelo pesquisador Zhou-Feng Chen, os cientistas colocaram um rato em um compartimento com uma tela de computador. Os pesquisadores então reproduziram um vídeo que mostrava outro animal se coçando.

Bastaram alguns segundos para o animal começar a se coçar. Os pesquisadores explicam que a reação foi surpreendente porque os ratos são conhecidos por ter uma visão ruim e usar o olfato para explorar ambientes. Inicialmente, os cientistas acreditaram que ele não apenas viu o animal, mas imitou o comportamento.

Para saber o que determinou o comportamento do animal, os cientistas identificaram que o núcleo supraquiasmático SCN, uma pequena região no hipotálamo que controla quando os animais acordam e adormecem, é ativado quando os camundongos observavam o vídeo.

Quando um rato vê o outro se coçando, o SCN libera uma substância química chamada GRP (péptido liberador de gastrina). Um transmissor-chave de sinais de coceira entre a pele e a medula espinhal.

O que ocorre não é que o rato vê o outro se coçar e passa a fazer o mesmo, mas que o cérebro envia sinais de coceira para o corpo.

Os cientistas decidiram bloquear o GRP ou o receptor ao qual ele se liga nos neurônios. Os camundongos que sofreram esse bloqueio não se coçavam quando assistiam outro animal fazendo o mesmo, mas voltaram a fazer isso quando foram novamente expostos a substâncias que induzem a coceira.

Os pesquisadores acreditam que a coceira contagiosa é algo que os animais não podem controlar e que o mesmo poderia ser aplicado aos humanos. A descoberta pode ajudar os cientistas a compreender os circuitos neurais que controlam os comportamentos socialmente contagiosos.