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Tá liberado? Comer queijo não aumenta risco de ataque cardíaco, diz estudo

Queijos são "viciantes", mas não tão nocivos à saúde como imaginava-se anteriormente - Arquivo pessoal
Queijos são "viciantes", mas não tão nocivos à saúde como imaginava-se anteriormente Imagem: Arquivo pessoal

Do UOL, em São Paulo

12/05/2017 04h00

Cortou da dieta os queijos amarelos, ricos em gordura saturada? Calma, eles podem não ser tão perigosos à saúde como antes se imaginava. O consumo de queijo, leite e iogurte --mesmo em suas versões mais gordurosas-- não aumenta o risco de a pessoa ter problemas cardíacos graves ou doenças cardiovasculares.

É o que mostra um estudo publicado recentemente no European Journal of Epidemology, que avaliou 29 estudos anteriores sobre o assunto, realizados nos últimos 35 anos e que envolveu 938.465 participantes de todo o mundo.

Tal conclusão contradiz a teoria de que o consumo de produtos com alto teor de gordura saturada pode aumentar o risco do desenvolvimento destas enfermidades. Para o estudo, o impacto do consumo destes alimentos à saúde é "neutro". Já o consumo de produtos lácteos fermentados, acrescentam os cientistas, podem até mesmo diminuir, ainda que "ligeiramente", o risco de a pessoa vir a ter um ataque cardíaco ou um AVC.

De acordo com Ian Givens, pesquisador da Universidade de Reading, na Inglaterra, que participou do estudo, "existe uma ampla, mas errada, crença entre o público de que os produtos lácteos em geral podem ser nocivos, mas isso é um equívoco. Embora seja uma crença amplamente difundida, nossa pesquisa mostra que isso é errado".

Para Givens, houve uma publicidade grande nos últimos anos vinculando o consumo de gorduras saturadas com o aumento do risco de doenças cardiovasculares, o que fez com que esta crença se arraigasse na população britânica. Isso explica, por exemplo, o fato de 85% de todo o leite vendido no Reino Unido atualmente seja semi-desnatado ou desnatado.

A pesquisa, ao ressaltar o não vínculo entre o produtos lácteos ricos em gordura saturada e o desenvolvimento de doenças cardíacas, frisa que nos últimos anos houve uma queda no consumo de leite na população, o que poderia ocasionar problemas de saúde relacionados à falta de cálcio --mineral presente no leite e essencial para a construção e manutenção dos ossos e dos dentes-- como a osteoporose.

A pesquisa foi parcialmente financiada por três grupos ligados à indústria de laticínios --Global Dairy Platform, Dairy Research Institute e Dairy Australia). Os pesquisadores, no entanto, descartam que tenha havido influência deles sobre a conclusão da pesquisa, já que ela se baseou em estudos anteriores.

Queijo é viciante

Outro estudo recente, que também aborda laticínios, fala sobre "propriedades viciantes" do queijo. De acordo com o jornal Public Library of Science One, o queijo é particularmente viciante porque contém caseína em sua composição.

Tal substância, presente nos produtos lácteos, segundo os pesquisadores, pode desencadear receptores opioides ligados ao vício no cérebro. A pesquisa também apontou que os alimentos que ocupavam o "pódio dos mais viciantes" eram aqueles que continham queijo.

Para medir a dependência de uma pessoa a uma substância, como a caseína, os autores utilizaram a YFAS (Yale Food Addiction Scale), medida desenvolvida por pesquisadores do Rudd Center for Food Policy and Obesity da Universidade de Yale, na Inglaterra, criada em 2009 para determinar os alimentos mais viciantes --aqueles com alto teor de gordura e alto teor de açúcar seriam, segundo a YFAS, são os que causam mais "dependência alimentar".