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Após separação de iceberg, nova fenda aparece em plataforma na Antártida

Divulgação/Projeto Midas
Imagem: Divulgação/Projeto Midas

Abby Young-Powell

Da DeutscheWelle

22/07/2017 08h39

Descoberta é feita apenas uma semana depois de desprendimento de iceberg gigantesco na região. Cientistas, entretanto, dizem não haver motivo para preocupação e que falha não deve se ampliar - ao menos por enquanto.

Pesquisadores detectaram uma nova fenda na plataforma de gelo Larsen C na Antártida, apenas uma semana depois que um dos maiores icebergs já vistos, com cerca de 5,8 quilômetros quadrados, se desprendeu da plataforma. Cientistas do Projeto Midas, que monitoram a calota de gelo e detectaram o primeiro rompimento, dizem que a nova fenda parece estar se estendendo em direção ao norte.

Eles apontam que, embora essa nova fenda provavelmente se volte para a área costeira da plataforma, criando um pequeno iceberg, existe o risco de ela continuar em direção à elevação de gelo Bawden, um ponto crucial para manter a plataforma estável.

"Vemos uma nova fenda, de cerca de 6 quilômetros, que segue em direção a norte da região complexa de rachaduras, que se formaram antes de o iceberg se desprender", afirma Adrian Luckman, professor de glaciologia da Universidade de Swansea, que lidera a pesquisa do Projeto Midas. Os pesquisadores continuarão a monitorar a nova fenda e dizem que ainda não há motivo para grande preocupação.

Atualmente, a fenda está "parada" em uma região de gelo mais macio. A nova fenda aparece após a notícia de que um iceberg colossal, chamado A68, se separou da mesma plataforma de gelo Larsen C na semana passada.

Iceberg de 6 mil k² tem área equivalente a quatro vezes a grande região de Londres - BBC - BBC
Iceberg de 6 mil k² tem área equivalente a quatro vezes a grande região de Londres
Imagem: BBC

O iceberg se encontra agora à deriva no Mar de Weddell, tendo deixado a plataforma de gelo 12% menor.

"Rompimentos de icebergs fazem parte de um ciclo natural e não são motivo de preocupação", diz Bryn Hubbard, diretor do centro de glaciologia da Universidade Aberystwyth e pesquisador da Midas.

"Não há nada incomum no fato de um iceberg ser formado a partir de um rompimento."

A neve cai no continente, compactando em gelo, que flui constantemente para o oceano. Como resultado, a plataforma de gelo cresce em média 700 metros por ano. Em algum momento, uma parte se separa, e a plataforma começa a crescer de novo. Entretanto, problemas podem surgir se a ruptura A68 ou novas fendas fizerem com que a plataforma de gelo Larsen C se torne instável e se desintegre, como Larsen A fez em 1995, seguida pela Larsen B em 2002.

Imagem de satélite mostra iceberg A68 que se soltou da plataforma Larsen C - Divulgação/Sentinel 1/ESA - Divulgação/Sentinel 1/ESA
Imagem de satélite mostra iceberg A68 que se soltou da plataforma Larsen C
Imagem: Divulgação/Sentinel 1/ESA

Os cientistas atribuem esses colapsos e o recuo de várias plataformas de gelo antárticas nas últimas décadas ao aquecimento global. Calotas de gelo marinho são importantes porque contém os glaciais interiores.

A preocupação é que, se Larsen C colapsar, o gelo dos glaciais fluirá para o mar, se derretendo e elevando os níveis dos oceanos. No entanto, Hubbard diz que os cientistas não estão muito preocupados com uma desintegração da plataforma de gelo Larsen C neste momento.

"Você pode esperar alguma instabilidade de curto prazo, considerando que uma grande parte se rompeu", explica. Ele diz que existe o risco de novas fendas, mas ressalta que "modelos indicam que a plataforma de gelo ainda continuará estável após a formação do iceberg".

Embora a pesquisa sobre mudanças climáticas tenha se desenvolvido até o ponto de ser possível conectar eventos climáticos específicos à probabilidade de terem sido resultado de mudanças climáticas, Hubbard explica que o caso desse iceberg "é um processo completamente normal". "Não podemos dizer definitivamente se tem ou não a ver com as mudanças climáticas", frisa.