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Vale tudo na sedução? Animais usam dancinha, grito e até ventilador de cocô

iStockPhoto/Getty Images
Imagem: iStockPhoto/Getty Images

Colaboração para o UOL

08/08/2017 04h00

Se você conhece histórias bizarras de conquistas amorosas, pode passar a achar tudo bem normal ao conhecer as estratégias de “cortejo” de alguns animais. Enquanto hipopótamos usam o cocô como ferramenta para chamar a atenção da fêmea, os gatos conquistam a parceira no grito.

Seduzir a fêmea é uma etapa crucial para que o acasalamento aconteça. É quando a fêmea indica para o macho, tanto quimicamente como visualmente, se ela está preparada para acasalar.

Ambos apresentam mudanças hormonais que indicam a vontade de acasalar, porém, enquanto nos machos essa vontade se manifesta durante toda a vida adulta, nas fêmeas, ela ocorre em ciclos. Isso porque as fêmeas têm um número limitado de óvulos, enquanto os machos têm uma produção quase ilimitada de espermatozoides.

Além disso, em cada espécie, os machos têm uma forma específica de cortejar a fêmea, o que também é importante para que os animais entendam que são da mesma espécie e se estão na fase ideal para o acasalamento, ou seja, se o macho está na fase adulta e se a fêmea está no período fértil.

Portanto, quem decide se vai rolar ou não é a fêmea, e para isso os machos apelam para as mais estranhas formas de conquista. Geralmente, é por meio desse ritual de conquista que ele mostra do que é capaz, exibe seus dotes, demonstra excelência, o que, em termos de reprodução da espécie significa que ele tem os melhores genes para a reprodução:

Leão - Parques Nacionais do Zimbábue/AFP - Parques Nacionais do Zimbábue/AFP
Imagem: Parques Nacionais do Zimbábue/AFP

De olho na cabeleira

A juba do leão, ao contrário do cabelo humano, fica mais escura conforme o avanço da idade (na Natureza os leões não atingem a velhice, geralmente morrendo na meia idade). Quando o leão perde uma luta, sua juba cai. E quando volta a crescer, torna-se mais clara. Por isso, instintivamente, a leoa escolhe o leão com a juba mais escura, pois isso indica que esse leão tem ótimos genes.

A juba também é pesada, pesa cerca de 15kg e por ser escura e espessa, esquenta em vários graus o corpo do animal, sob o sol da savana. Assim, isso demonstra força.

girafa - Juan Medina/Reuters - Juan Medina/Reuters
Imagem: Juan Medina/Reuters

Ventilador de cocô e cheirador de xixi

Para os hipopótamos, o odor das fezes e da urina é uma forma de provar para as fêmeas da espécie que eles estão saudáveis para reproduzir. Para conquistá-las, eles urinam e defecam ao mesmo tempo, demarcando o território. E, assim, instintivamente, elas os consideram bons reprodutores.

O “ritual de sedução” é completado com hipopótamo girando o rabo como uma hélice, espalhando sua bagunça por toda parte. Depois de espalhar esse aroma, o par começa as preliminares, agitando-se na água antes de se estabelecerem relações sexuais.

Já o macho da girafa verifica pela urina da fêmea se ela está no cio, cutucando o traseiro dela. E se ela estiver, inicia o acasalamento.

Gatos - iStockPhoto/Getty Images - iStockPhoto/Getty Images
Imagem: iStockPhoto/Getty Images

Gritaria

Os gatos também estão entre os animais que liberam urina para indicar que estão aptos a acasalar. Mas além de liberar feromônios no xixi, a gata emite um miado muito característico quando está no cio para atrair a atenção dos gatos.

Assim ela atrai um bando de machos, que miam em resposta, como se fossem gritos específicos de confronto, e eles se concentram em torno dela.

Para conquistar a fêmea, os machos brigam entre si. E então ela permitirá a cópula de váriosos gatos que estiverem ao redor, podendo ter filhotes de vários gatos em uma mesma ninhada. E todos esses gatos que cruzaram com ela lutarão com gatos de outros territórios que tentem atacar os filhotes.

Exibicionismo

Outro hábito comum em muitas espécies é exibir alguma parte do corpo para atrair a fêmea. O macho da fragata, uma espécie de ave que vive na região das ilhas oceânicas tropicais, infla seu saco gular, um saco de pele vermelho e peludo localizado em seu papo. Ele fica parecido com uma grande bexiga peluda e até 30 vezes maior que seu tamanho natural. Assim, ele chama a atenção das fêmeas no período reprodutivo.

aranha-pavão - Jurgen Otto/Handout via Reuters - Jurgen Otto/Handout via Reuters
Imagem: Jurgen Otto/Handout via Reuters

Dança do acasalamento

Por sua vez, a aranha-pavão, encontrada em Sydney (Austrália), usa seu charme e exuberância para acasalar e lutar por sua sobrevivência. Para atrair a fêmea, o macho dessa espécie “dança” de um lado para o outro, como um siri, agitando as patas para cima e vibrando o abdômen. Também exibe uma espécie de cauda colorida e exuberante. Se a dança não agradar a fêmea, ela o mata.

Virilidade

Para demonstrar sua virilidade e disponibilidade para cópula, os machos da espécie foca-de-crista (Cystophora cristata) inflam suas cavidades e membranas nasais, como se fossem balões. Assim, eles espantam a concorrência e conseguem atrair a fêmea.

Presente

Os machos da espécie de aranhas da família Pisauridae, vulgarmente chamadas de aranhas-de-jardim atraem as fêmeas com alimento enrolado em seda branca. A fêmea inspeciona o pacote e, se aceitar o presente, acontece o acasalamento enquanto ela abre o “presente” e come a refeição. Mas às vezes ele tenta enganá-la, trazendo o exoesqueleto de um inseto que ele comeu um pouco antes ou um simples galho, belamente embrulhado. Às vezes, as fêmeas o pesam o embrulho e descobrem a farsa e o relacionamento acaba imediatamente. 

Preliminares

A fêmea do musaranho (Typia belangeri), mamíferos roedores que vivem no Sudeste Asiático, curte umas lambidinha antes do ato sexual. Para aceitar copular com o macho, ela gosta de receber lambidas no rosto e o pescoço.

Já as fêmeas da espécie ave-do-paraíso-de-doze-fios (Seleucidis melanoleucus) ficam atrás dos machos para colocar a cabeça entre as plumas finas que eles têm na extremidade final do corpo. Nesse ritual de acasalamento, que os especialistas chamam de “exibição de esfregação de raque”, os machos passam essas penas rígidas no rosto da fêmea repetidamente. É uma espécie de “carinho”, que traz uma sensação agradável para a fêmea.

Especialista consultado: Carlos C. Alberts, professor de Zoologia e Comportamento Animal da Unesp - Campus de Assis.