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Eclipse solar deixará EUA na escuridão segunda; saiba quem verá no Brasil

Eclipse solar total será observado nesta segunda-feira (21), nos Estados Unidos - Haakon Mosvold/EFE
Eclipse solar total será observado nesta segunda-feira (21), nos Estados Unidos Imagem: Haakon Mosvold/EFE

André Carvalho

Do UOL, em São Paulo

16/08/2017 04h00

Na próxima segunda (21), cidades dos Estados Unidos, localizadas de leste a oeste do território norte-americano, verão por cerca de três minutos um "sol negro". Moradores e turistas terão a oportunidade de assistir a um eclipse solar total --o último foi visto no país em 1991.

No Brasil, o eclipse também poderá ser observado, mas apenas de forma parcial nas regiões Norte e Nordeste

Quanto mais ao norte do país, mais coberto estará o sol no momento do fenômeno astronômico: em Oiapoque, no Amapá, será possível ver o sol ser eclipsado em 55% pela Lua.

Entre as capitais brasileiras, os melhores lugares para se ver o fenômeno são Macapá, Fortaleza, Belém, São Luís, Boa Vista e Natal, em que os habitantes verão entre 36% e 40% do Sol tampado pela sombra lunar. Quem estiver em Manaus verá apenas 21% do sol escondido (confira aqui se será possível ver parte do eclipse na sua cidade).

Faixa territorial onde será possível observar o eclipse solar total nos EUA; o ponto "GD" é o local onde o eclipse terá maior duração, ao passo que o ponto "GE" é o instante em que o eixo do cone da sombra da lua passa mais próximo do centro da Terra - Nasa - Nasa
As faixas coloridas no mapa mostram as regiões onde a observação do eclipse solar total nos EUA será possível; o ponto roxo é o local onde o eclipse terá maior duração, ao passo que o ponto verde é o local em que haverá o maior eclipse, ou seja, o céu ficará mais escuro
Imagem: Nasa

O fenômeno poderá ser visto no céu brasileiro entre 16h e 18h, sendo que o seu ápice acontecerá às 17h.

O astrônomo Gustavo Rojas, professor da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), afirma que somente quando este índice é superior a 10% é possível perceber o fenômeno --em Salvador, a Lua ocultará o Sol em 12%.

14.nov.2012 - Mulher optou por um modelo decorado de óculos especial para observar o eclipse total do Sol em Palm Cove, na região de Queensland, no norte da Austrália, na manhã desta quarta-feira (14) - Greg Wood/AFP - Greg Wood/AFP
Mulher utiliza óculos especial para observar eclipse solar
Imagem: Greg Wood/AFP

Como observar?

Rojas diz que é preciso cuidado na observação do eclipse solar, mesmo quando ele não ocorre em sua totalidade, ressaltando que o uso de óculos escuros normais não são recomendados. 

Como solução "caseira" aos brasileiros, ele recomenda o uso dos óculos de máscara de soldador com a tonalidade mais escura, número 14. Placas de raio X e os antigos filmes fotográficos não são recomendados pelo astrônomo.

"Esses materiais carbônicos não bloqueiam a luz do sol. É um perigo porque você pode bloquear a luz visível, mas deixar passar a luz infravermelha. E o calor vai acabar cozinhando seu olho", diz.

A última vez em que um eclipse solar total pôde ser observado no Brasil foi em 3 de novembro de 1994.

Já a próxima oportunidade de brasileiros observarem o fenômeno em sua totalidade será apenas em 12 de agosto de 2045 --moradores da região Norte (Amapá e Pará) e do Nordeste (Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco) serão contemplados com o evento astronômico. Antes desta data, porém, será possível ver outros eclipses solares parciais: o próximo será em 2 de julho de 2019.

Nos EUA, cientistas aproveitam eclipse para estudar coroa solar

"O fato desse eclipse estar cruzando o território norte-americano é uma oportunidade fantástica para os moradores deste país, que é muito populoso", diz o professor da UFSCar. 

A ocorrência de um eclipse solar é uma oportunidade única para que cientistas façam estudos sobre o Sol: a Nasa anunciou que 11 investigações científicas serão realizadas no dia 21. Destas pesquisas, seis terão a coroa solar como foco.

Será uma chance única, já que o 'sol negro' se deslocará pelo território norte-americano por quase 90 minutos, oferecendo aos astrônomos uma oportunidade e tanto para que medições científicas sejam realizadas a partir do solo.

"Durante muito tempo, a única forma que os astrônomos tinham para estudar a coroa solar era quando acontecia um eclipse", diz Rojas. Ele afirma, no entanto, que com o avanço da astronomia espacial este estudo passou a ser possível com satélites lançados ao espaço. 

Porém, estudos mais detalhados da coroa precisam ser feitos a partir da Terra. "Para fazer uma espectrografia de altíssima resolução, não dá para fazer do espaço porque o equipamento é muito grande". E esta oportunidade, os astrônomos norte-americanos não irão desperdiçar.