Por que ficamos tão mal-humorados quando sentimos fome? A ciência explica
Acontece com quase todo mundo: quanto mais a fome aperta, mais irritados e mal-humorados ficamos. Nesse estado, nossas decisões tendem a ficar cada vez mais emocionais do que racionais.
Uma das principais razões para essas alterações de humor está na queda dos níveis de glicose no sangue.
Se algum dia você já saiu do sério, saiba que a ciência cada vez mais corrobora a "culpa" do estômago nas brigas que você já comprou motivado pela fome.
A hipoglicemia leva à liberação de hormônios relacionados ao estresse, como o cortisol e a adrenalina. Há ainda a liberação do neuropeptídeo Y (NPY), um potente estimulante do apetite, que pode levar a comportamentos mais agressivos.
Uma pesquisa, publicada em 2014 no periódico científico "Proceedings of the National Academy of Sciences", reuniu 107 casais para um estudo de 21 dias, com o intuito de avaliar a relação entre níveis de glicose e agressividade.
Para isso, eles desenvolveram um jogo em que os casais deviam competir entre si. O vencedor ganhava o direito de "brincar" com o parceiro por meio de um fone de ouvido.
Eles podiam ainda espetar até 51 alfinetes em um boneco, de acordo com a intensidade da raiva que sentiam.
Ao fim do estudo, os dados mostraram que quanto menores eram os níveis de glicose no sangue, maior era o número de alfinetes espetados e mais alto e mais longos a zoeira com o companheiro derrotado. Para os pesquisadores, a fome deixou os voluntários mais irritados e com maior sensação de raiva.
Algum tempo depois, outro estudo, publicado na revista científica "Judgment and Decision Making", chegou a uma conclusão polêmica. Segundo os cientistas, juízes são mais propensos a dar sentenças mais duras perto do horário do almoço. E a culpa, claro, seria da fome.
As alterações de humor têm origem ancestral. Nossos parentes primitivos tinham muita dificuldade para encontrar alimentos, e não era incomum lutar por um pouco de comida. Nestes momentos, o corpo precisava de uma "injeção" de adrenalina e cortisol para sair à caça. Essa agressividade na hora da fome pode ter sido fundamental para a sobrevivência da espécie.
Fonte: Márcio Mancini, endocrinologista.
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