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Por que há tantas 'estranhas criaturas marinhas desconhecidas'?

Preeti Desai usou as redes sociais para tentar identificar esse animal, que encontrou numa praia em Texas City - Twitter/@preetalina
Preeti Desai usou as redes sociais para tentar identificar esse animal, que encontrou numa praia em Texas City Imagem: Twitter/@preetalina

Aretha Yarak

Colaboração para o UOL

10/10/2017 04h00

Depois da passagem do furacão Harvey em agosto pelos Estados Unidos, uma estranha criatura foi achada na costa do Texas. Com o corpo alongado, dentes afiados e sem olhos, o animal tinha um aspecto meio monstruoso e sua imagem acabou viralizando pela internet, gerando diversas teorias – das científicas às mais fantasiosas.

O animal na praia norte-americana foi identificado com uma espécie de enguia por um biólogo especialista. No entanto, não é incomum que se "descubra" bichos esquisitos no mar, os oceanos e suas espécies ainda são um verdadeiro mistério para a humanidade.

Estima-se que existam 10 milhões de espécies vivendo nos oceanos, mas temos apenas 250 mil catalogadas por enquanto.”

Paulo Sumida, professor do Instituto de Oceanografia da USP

Isso significa que a gente conhece apenas uma pequena parcela dos animais que moram nas águas profundas. A probabilidade, no entanto, é que a maior parte desses bichos ainda não conhecidos seja minúsculo, de tamanhos milimétricos e assustadores apenas pelas lentes de um microscópio.

Tecnologia e sorte

Como cerca de 90% dos oceanos têm mais de mil metros de profundidade, estudar seres de tamanho tão reduzido e em completa escuridão exige uso de tecnologia de ponta e muito investimento em pesquisa, com uso de submarinos e de equipamentos remotos. Sem isso, não é possível nem fazer a coleta desses animais.

É preciso também contar com a sorte para encontrar grande parte desses animais. E isso vale até mesmo para as espécies grandes, mas consideradas raras e, por isso, pouquíssimo conhecidas pelo público em geral.

“São 360 milhões de quilômetros quadrados de água e 1 bilhão de metros cúbicos de volume”, explica Sumida.

Um exemplo da dificuldade no estudo dos animais marinhos é o caso da lula gigante.

Segundo Sumida, foi preciso de séculos de tentativas e pesquisadas para finalmente se conseguir uma filmagem do animal. Sem nunca antes tê-la visto, a ciência sabia de sua existência por evidências encontradas em cachalotes e relatos de marinheiros. Mas, por muito tempo, não havia sequer um registro do animal. “Em relação ao tamanho do mar, esses animais são raros. É difícil encontrá-los, porque não é possível ter controle das regiões profundas o tempo todo”, explica.

Por isso, se você cruzar com a carcaça de um bicho estranho e meio monstruoso pela praia, não se assuste. É muito provável que ele esteja com esse aspecto desfigurado porque passou por maus bocados (revirado e arremessado contra pedras e corais) até ser arrastado pela areia.