Nevoeiro em São Paulo é "nuvem no solo" que se forma com tempo seco

Um forte nevoeiro mudou a paisagem de São Paulo, que não tem chuvas há mais de 20 dias. Na manhã desta quinta-feira (5), a neblina encobriu a visão nas ruas e levou ao fechamento do Aeroporto de Congonhas para pousos e decolagens.

A paisagem nublada, contudo, não é sinal de fim da seca e nem de chegada de frio. Dentre as condições meteorológicas que causaram o nevoeiro estão o tempo seco e a perda rápida de calor do solo durante o início da manhã.

"Quando há uma massa de ar muito seca e uma queda de temperatura no solo, ocorre um aumento de umidade próximo à superfície", explica Neide Oliveira, meteorologista do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia). A névoa é um efeito da presença de uma camada de ar mais quente sobre a camada mais fria que está encostada no solo. "É uma nuvem encostada na superfície", diz. 

Segundo a especialista, a queda da temperatura da superfície ocorreu devido a rápida perda de energia da Terra para a atmosfera devido ao céu claro, sem nuvem e com baixa umidade. "É normal nessa época do ano. Se os ventos estão fracos e o céu está claro, acontece o nevoeiro", diz a meteorologista.

Nevoeiros são minúsculas gotículas de água ou cristais de gelo suspensos numa camada de ar próxima à superfície. Eles podem ser formados por diferentes condições meteorológicas. Há, por exemplo, nevoeiros que ocorrem quando uma massa de ar quente e úmido passa sobre uma superfície fria e nevoeiros orográficos, que ocorrem em montanhas e serras.

O verificado em São Paulo nesta manhã é chamado de nevoeiro de radiação, em que o resfriamento radiativo da superfície e do ar sobre ela são suficientes para alcançar temperatura em que a água se transforma em orvalho.

Assim que o Sol vai aparecendo, o nevoeiro se dissipa ou sobe. Oliveira diz que quando há esse tipo de névoa, a tendência é a temperatura subir ao longo do dia. "O início da manhã é mais frio, mas a amplitude térmica maior".

De acordo com o Inmet, a previsão do tempo para São Paulo hoje é de 27°C de máxima e céu claro. A névoa seca pode aparecer nos próximos dias. O que por enquanto não vem é a chuva.

Junho foi quente e seco

O mês que marca o início do inverno não contou com a presença da principal característica da estação: as baixas temperaturas. O que os moradores da cidade de São Paulo viram ao longo de junho foi um calor incomum para essa época do ano e chuvas ainda mais escassas. A sensação foi confirmada pelo Inmet, que disse que a cidade bateu recordes de temperatura para o período.

Os meteorologistas apontaram que a maior temperatura em junho deste ano ocorreu no dia 24, quando os termômetros chegaram aos 28,5º C. "Desde 1999, não fazia um dia tão quente em junho na capital, quando a máxima chegou a 28,7ºC", informou o instituto.