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Júpiter "ganha" mais 12 Luas, uma delas em rota de colisão

Imagens feitas pelo telescópio em Las Campanas, no Chile, mostram uma das novas Luas avistadas de Júpiter se movendo em relação a outros corpos celestes --o planeta em si, posicionado mais à esquerda, não aparece na foto - Carnegie Institution for Science
Imagens feitas pelo telescópio em Las Campanas, no Chile, mostram uma das novas Luas avistadas de Júpiter se movendo em relação a outros corpos celestes --o planeta em si, posicionado mais à esquerda, não aparece na foto Imagem: Carnegie Institution for Science

Edison Veiga

Colaboração para o UOL, de Milão (Itália)

17/07/2018 11h00Atualizada em 18/07/2018 18h44

Júpiter já era o campeão em número de Luas entre os planetas do Sistema Solar. Com a descoberta anunciada na manhã desta terça-feira (17), o planeta "ganhou" 12 novos satélites --passando a um total de 79 Luas.

Elas foram avistadas pela primeira vez por astrônomos do Instituto Carnegie, de Washington D.C. (EUA), em 2017. Mas só agora houve a comprovação definitiva de serem satélites naturais do gigante planeta.

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A descoberta astronômica se deu por acidente. Os cientistas miravam seus telescópios em busca de objetos distantes do Sistema Solar quando notaram os nunca relatados corpos celestes gravitando ao redor de Júpiter.

"Procurávamos planetas além de nosso Sol. Como Júpiter estava 'perto' dos campos de busca, acabamos sendo capazes de procurar por novas Luas a seu redor”, explica o astrônomo Scott Sheppard. 

No ranking dos planetas com mais Luas do Sistema Solar, Saturno ocupa o segundo posto, com 62 satélites. Urano tem, até o momento, 27 Luas conhecidas. Netuno, 14; Marte, 2; e a Terra, uma Lua. Mercúrio e Vênus não contam com satélites naturais. 

Estudo levou um ano

A partir das observações registradas, o Minor Planet Center, da União Astronômica Internacional, encarregou-se de calcular as órbitas dos recém-descobertos corpos celestes.

"O processo todo levou um ano. Já que são realizadas várias observações antes de confirmar se um objeto realmente orbita em torno de Júpiter", explica o astrofísico Gareth Williams, diretor do centro de pesquisa.

Das 12 novas Luas, nove integram um grupo distante que orbita em sentido oposto à rotação do planeta. Tais satélites levam cerca de dois anos para dar uma volta completa em Júpiter.

Os cientistas avaliam que essas Luas sejam remanescentes de corpos celestes maiores que, muito anteriormente, se desintegraram após colisão com asteroides.

Dois dos satélites recém-descobertos, por sua vez, giram no mesmo sentido que a rotação de Júpiter. O percurso todo leva pouco menos de um ano.

"Por fim, a última descoberta é de um corpo celeste excêntrico, que tem uma órbita diferente de todas as outras Luas jupiterianas", diz Sheppard. "Trata-se ainda da menor Lua conhecida de Júpiter, com menos de um quilômetro de diâmetro."

Com uma órbita de traçado irregular, ela demora cerca de um ano e meio para dar uma volta completa no planeta.

Está em curso na União Astronômica Internacional uma proposta de que esse satélite receba o nome de Valetudo, em homenagem à deusa da higiene e da saúde, bisneta do deus romano Júpiter.

De acordo com os astrônomos, a rota irregular de Valetudo vai inevitavelmente levá-la ao "suicídio": no caso, uma violenta colisão com outra Lua jupiteriana, causando uma explosão tão grande que poderá ser vista da Terra. Claro que isso pode levar ainda bilhões de anos. Segundo os cientistas, é como se Valetudo estivesse andando na contramão em uma estrada: em algum momento, o acidente será inevitável. 

Corpos gigantes avistados desde Galileu

Acredita-se que o astrônomo chinês Gan De, que viveu no século 4º a.C., tenha conseguido avistar alguma Lua de Júpiter já na sua época.

Mas, com convicção, sabe-se que Júpiter tem Luas desde 1610, quando o astrônomo Galileu Galilei (1564-1642) descobriu os quatro mais massivos corpos celestes que orbitam o planeta.

Io, Europa, Ganimedes e Calisto foram os primeiros objetos descobertos pela humanidade em órbita de um corpo celeste que não seja o Sol ou a Terra. 

Essas quatro Luas "de Galileu" têm mais do que 3.000 km de diâmetro cada uma. Com 5.200 km de diâmetro, Ganimedes é inclusive maior do que o planeta Mercúrio.