Astrônomos detalham colisão que moldou Via Láctea há 10 bilhões de anos
Quando a Via Láctea era ainda uma criança, um choque com uma galáxia menor mudou sua estrutura. O impacto recheou o disco galáctico com outras estrelas, tornando-o mais denso. As estrelas que formam as cicatrizes da colisão contam a história dessa trombada. E um artigo publicado na revista Nature nessa terça-feira (31) traz novas evidências de quando ela ocorreu, o tamanho das galáxias na época e de como elas rolaram juntas pelo espaço sideral.
Foi há 10 bilhões de anos. A pequena galáxia atropelada orbitava a Via Láctea e tinha cerca de 20% da massa que a nossa galáxia tinha na época. A conclusão foi possível graças a observações feitas pelo telescópio espacial Gaia, da ESA (Agência Espacial Europeia). Os cientistas mensuraram dados sobre a idade, química, distribuição e movimento das estrelas da galáxia anã que compõem parte substancial da Via Láctea.
Essas estrelas têm características diferentes das demais estrelas da Via Láctea. Elas orbitam o centro galáctico em alta velocidade e em direção oposta a do nosso Sol, por exemplo. "O halo interior [da Via Láctea] é dominado por detritos de um objeto um pouco mais massivo que a Pequena Nuvem de Magalhães", dizem os pesquisadores liderados por Amina Helm, da Universidade de Groningen, na Holanda.
As informações obtidas pelo Gaia permitiram aos cientistas reconstruir o movimento das estrelas no momento do choque. Uma ilustração animada criada pelos pesquisadores mostra como as duas galáxias se embolaram. Veja abaixo:
Os cientistas deram o nome de Gaia-Enceladus à galáxia anã em homenagem ao telescópio Gaia, lançado em 2013 para observar mais de um bilhão de objetos no céu. Enceladus, que completa o nome, é o filho de Gaia e Urano na mitologia grega.
Nossa galáxia é composta por um centro no qual se encontra um buraco negro supermassivo, pelo famoso disco com seus braços em espiral e pelo gás interestelar circundante, chamado de halo. Há na galáxia entre 100 e 400 bilhões de estrelas.
"A fusão da Via Láctea com Gaia-Enceladus deve ter levado ao aquecimento do disco galáctico, contribuindo assim para a formação deste componente", afirma o artigo. Esse aquecimento também teria deixado o disco mais espesso.
Os cientistas já especulavam que toda essa estrutura tinha como origem a fusão com outra galáxia. Em um artigo suplementar publicado na Nature, Kim Venn, cientista do departamento da Universidade de Victoria, no Canadá, diz que o novo estudo traz contribuições importantes para a pesquisa desse choque, como dados sobre “a massa da galáxia satélite, quando a colisão ocorreu e se o evento envolveu uma única galáxia satélite".
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.