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Mapa mais preciso da Via Láctea mostra que vivemos em uma galáxia torta

Imagem da Via Láctea publicada no site da Nasa em 2008 - Serge Brunier/NASA
Imagem da Via Láctea publicada no site da Nasa em 2008 Imagem: Serge Brunier/NASA

Rodrigo Lara

Colaboração para o UOL, em São Paulo

05/02/2019 16h47

A Via Láctea, galáxia na qual o Sistema Solar se encontra, tem algumas informações relativamente consolidadas: ela possui um buraco negro gigante em seu centro e tem formato espiral, com a gravidade dos corpos celestes sendo responsável por manter essa forma.

Um estudo conduzido por astrônomos australianos e chineses, no entanto, mostrou outro detalhe: a galáxia em si não tem um formato plano, como normalmente vemos em reproduções artísticas. Na verdade, ela se assemelha a um disco retorcido em forma de "S" e com as bordas levemente dobradas.

Para chegar a essa conclusão, os cientistas observaram estrelas cefeidas, também conhecidas por gigantes amarelas, presentes na Via Láctea. Essas estrelas, que podem ser até 100 mil vezes mais brilhantes do que o Sol, emitem pulsos, que foram utilizados para determinar a distância que elas estão de nós.

Após analisar a localização de 1.339 destas estrelas, foi possível criar um mapa 3D que traz a representação mais precisa do formato da Via Láctea.

Esse formato "torto", no entanto, já foi observado em outras galáxias espirais. A maior dificuldade para determinar a forma da nossa, no entanto, vinha do fato de estarmos dentro dela.

Agora, a meta é descobrir o motivo exato que faz com que a Via Láctea não seja plana. Um dos autores do estudo, o astrônomo Richard de Grijs da Macquarie University, afirma que uma das hipóteses para isso é o reflexo da gravidade exercida pelos corpos celestes mais próximos do centro da galáxia sobre aqueles que estão mais distantes.

Não há, contudo, uma conclusão sobre essa questão.

A tendência é que haja mais informações sobre o formato da nossa galáxia em um futuro próximo, especialmente com os resultados produzidos pela Missão Espacial Gaia, da Agência Espacial Europeia, cujo intuito é criar um mapa tridimensional preciso da Via Láctea e de outras galáxias.

E os resultados são promissores: iniciada em 2013, essa missão entregou em 2016 um mapa com mais de um bilhão de estrelas localizadas.