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Com explosão e clarão no céu, meteoro assusta moradores do Sul do país

Luciano Nagel

Colaboração para o UOL, em Porto Alegre

07/06/2019 16h39

Resumo da notícia

  • Bramon registrou a passagem de um bólido na noite de sexta-feira
  • Meteoro foi visto por pessoas no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina e em países vizinhos
  • Astrônomo não descarta que fragmentos do meteoro tenham chegado ao solo

Relatos da passagem de um meteoro pelo céu estrelado do Rio Grande do Sul tomaram conta das redes sociais por volta das 22h30 (de Brasília) dessa quinta-feira (6). Internautas afirmaram que o aerólito foi visto passando pelo céu das cidades de Santo Ângelo, Cruz Alta, Estrela, Quaraí, Soledade, Terra de Areia, Caxias do Sul, Erechim, Almirante Tamandaré do Sul, Alegrete, Tapera, Ijuí, Manoel Viana, Tupanciretã, Passo Fundo, Venâncio Aires, Sapucaia do Sul, Pejuçara e Marau.

Em algumas cidades da região metropolitana de Porto Alegre, como Guaíba, Canoas e a própria capital gaúcha, o fenômeno também foi apreciado por muitos. Além do Rio Grande do Sul e algumas cidades de SC, cidadãos da Argentina, Paraguai e Uruguai também presenciaram o fenômeno.

Em entrevista ao UOL, o diretor da Bramon (Brazilian Meteor Observation Network), Marcelo Zurita, confirmou a passagem do fenômeno.

"O que houve realmente foi a passagem de um meteoro, também conhecido popularmente como 'estrela cadente', só que no caso da noite dessa sexta-feira foi um meteoro muito luminoso, que denominamos na astronomia como bólido, que é formado por fragmentos de rochas espaciais que passam pela atmosfera da terra em alta velocidade, ou seja, 49.000 km/h, no entanto há meteoros que atingem velocidades muito maiores, que variam de 40.000 km/h a 266.000 km/h", explicou Zurita.

Segundo o astrônomo, o bólido, avistado por habitantes de diversas nacionalidades é do tamanho de uma bola de futebol. "Também descartamos a hipótese de que seria um lixo espacial, porque a diferença entre um meteoro e uma reentrada de lixo espacial está na velocidade, ou seja, o lixo espacial é bem mais lento", comparou o astrônomo paraibano.

Questionado se meteoro caiu realmente em solo, o astrônomo Marcelo Zurita não descartou esta hipótese, principalmente em terras gaúchas. "Existem vários indícios que o bólido sobreviveu à passagem atmosférica, ou seja, é muito provável que existam fragmentos do meteoro em terra, em especial nas proximidades do município Jari, na região central do Rio Grande do Sul, e ao oeste de Tupanciretã", falou.

Sobre os depoimentos de pessoas que ouviram uma forte explosão após a passagem de meteorito, Marcelo explicou que isso é um indicativo que o bólido ultrapassou a camada da atmosfera e consequentemente ocorreu a explosão. "A fragmentação do meteorito ocorreu a cerca de 25 km de altitude e por isso houve esta forte liberação de energia", afirmou.

Susto

A professora da rede pública Glaci Mendes de Lima, 50 anos, relatou a reportagem do UOL que ficou muito assustada com a explosão ouvida do município de Joia, distante apenas 75 km de Tupanciretã.

"Passavam das 22h e fazia muito frio. O filho pequeno de uma amiga minha que estava aqui em casa foi para o carro, que estava na rua, buscar o celular. Quando retornou disse que viu uma bola vermelha caindo do céu e assim que ele sentou em frente à lareira ouvimos aquele estrondo, foi muito forte. As paredes da casa tremeram", contou a docente que afirmou já ter visto algo parecido, mas sem o efeito da explosão.

Dados apurados até o momento pela equipe de profissionais da Bramon apontam que o meteoro pesava entre 7 e 12 kg. Segundo Zurita, prever a queda de um bólido deste tamanho é um dos desafios da ciência da atualidade.

"Este tipo de bólido, que tem um tamanho de uma bola de futebol, é muito difícil de se captar nos telescópios em terra, nos centros de observação, por exemplo, até mesmo os maiores, como o meteoro que caiu na Rússia em 2013. Infelizmente ainda não temos tecnologia para isso", lamentou.

Na Rússia

Em dezembro de 2018, um grande meteoro explodiu na atmosfera sobre o Mar de Bering, na Península de Kamchatka, na Rússia. Por ter ocorrido em uma área remota, a explosão não foi notada ou relatada na época. De acordo a NASA (agência espacial norte-americana), a explosão liberou dez vezes mais energia do que a bomba atômica sobre Hiroshima, lançada em 1945.