Ganhador do Nobel alerta sobre falsas "terapias com células-tronco"
Por Tan Ee Lyn
HONG KONG, 9 Out (Reuters) - O ganhador do Nobel de Medicina de 2012 Shinya Yamanaka alertou pacientes, nesta terça-feira, sobre as "terapias com células-tronco" não comprovadas oferecidas em clínicas e hospitais em vários países, afirmando que são altamente arriscadas.
A internet está repleta de propagandas que prometam curas com células-tronco para qualquer doença-- incluindo diabetes, esclerose múltipla, artrite, problemas de vista, Alzheimer, Parkinson e até lesões na coluna vertebral-- em países como China, México, índia, Turquia e Rússia.
Yamanaka, que compartilhou o Prêmio Nobel de Medicina anunciado na segunda-feira com John Gurdon, do Instituto Gurdon, de Cambridge, na Grã-Bretanha, pediu precaução.
"Este tipo de prática é um problema enorme, é uma ameaça. Muitas das chamadas terapias com células-tronco estão sendo conduzidas sem nenhum dado usando animais, com checagens pré-clínicas de segurança", disse Yamanaka, da Universidade de Kyoto, no Japão.
"Os pacientes devem entender que se não houver dados pré-clínicos sobre a eficiência e segurança do procedimento que ele ou ela esteja submetido... pode ser muito perigoso", disse o pesquisar à Reuters durante uma entrevista por telefone.
Yamanaka e Gurdon compartilharam o Prêmio Nobel de Medicina pela descoberta de que células adultas podem ser reprogramadas para voltarem a ser células-tronco, as quais, por sua vez, podem se transformar em qualquer tipo de tecido do organismo.
"Espero que pacientes e pessoas leigas entendam que há dois tipos de terapias com células-tronco. Uma é a que estamos tentando estabelecer. É unicamente baseada em dados científicos. Nós temos conduzido trabalhos pré-clínicos, experimentos com animais, como ratos e macacos", afirmou o cientista.
Yamanaka, que chamou as células-tronco que ele criou de "células-tronco pluripotentes induzidas" (iPS), espera ver os primeiros testes clínicos em seres humanos em breve.
"Há muitas pesquisas promissoras acontecendo", disse.
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