Lira articula sucessão para acomodar interesses de Lula e Bolsonaro
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A entrada de Hugo Motta (Republicanos), um deputado de 34 anos da Paraíba, na disputa pela presidência da Câmara, é fruto de uma acomodação de interesses de forças políticas adversárias no país.
Saem contemplados dessa costura, caso ela dê certo, o presidente Lula (PT), o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o deputado Marcos Pereira (presidente do Republicanos), e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Saem contrariados: o presidente do PSD, Gilberto Kassab, seu candidato a presidente da Câmara, Antonio Brito (PSD-BA), e o deputado Elmar Nascimento (União-BA), que até a semana passada contava com apoio de Lira para sucedê-lo, mas foi preterido. Brito e Nascimento não descartam fazer uma composição e disputar a presidência da Câmara unidos contra Hugo Motta em fevereiro de 2025.
A análise está no episódio desta semana do podcast A Hora, do UOL, apresentado por José Roberto de Toledo e Thais Bilenky. Leia mais aqui.
Emendas de filho para pai unem Lira e seu provável sucessor
Assim como o atual, o próximo presidente da Câmara dos Deputados também mandou emenda parlamentar milionária para a prefeitura comandada pelo pai dele. Privilegiar o próprio clã familiar com recursos públicos é exemplar de como o aumento da fatia do Legislativo no orçamento federal tem sido usado para fortalecer as oligarquias políticas. Sinal de que nomes mudam, mas não as práticas de consolidação do poder usando o seu, o meu, o nosso.
Hugo Motta (Republicanos-PB) virou favorito a ocupar o segundo cargo mais importante da Praça dos Três Poderes depois que Arthur Lira (PP-AL) trocou de candidato. Lira abandonou a candidatura de Elmar Nascimento (União-BA) ao perceber um risco crescente de não conseguir eleger o sucessor. Articulou apoio a Motta, mas só nos bastidores, por ora.
Deputado federal mais jovem do país, Hugo Motta chegou a Brasília em 2011, com apenas 21 anos. Sua primeira campanha foi financiada pela família. Nas três seguintes, o valor gasto por voto se multiplicou e os financiadores se diversificaram. Motta conheceu Lira, que chegara à Câmara na mesma eleição, e ficaram amigos. Tinham motivos para se identificar: ambos são boiadeiros, herdeiros do poder e gratos aos genitores.
A mais vultosa emenda ao orçamento assinada por Motta em 2024 foi para o município de Patos. Com pouco mais de 100 mil habitantes, a cidade é comandada por Nabor Wanderley, pai de Motta. Foram R$ 1,5 milhão para o sistema de saúde local. Nabor é candidato à reeleição. Não é o único prefeito pai de deputado agradecido e que está tentando permanecer no cargo.
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Suspensão do X no Brasil provoca universos paralelos nas redes
Mesmo com acesso suspenso por decisão unânime do Supremo Tribunal Federal, o X (ex-Twitter) continua com cerca de 20% de seu movimento habitual no Brasil - segundo levantamento da consultoria Arquimedes. O conteúdo publicado por brasileiros após a proibição judicial entra na rede via pessoas que moram no exterior, via VPN (que mascara o "endereço" de acesso do usuário e burla o banimento no país) ou por meio de outros subterfúgios.
De acordo com Pedro Bruzzi, sócio da Arquimedes, as publicações remanescentes são essencialmente de pessoas à direita no espectro político. A polarização que marcou historicamente o Twitter, com duas bolhas distintas de usuários, acabou. Praticamente não há mais usuários de esquerda que publiquem com frequência e volume no X desde a suspensão do acesso no Brasil.
Esse público migrou para outras redes, mas principalmente para o Bluesky - rede criada por um dos fundadores do Twitter. O movimento brasileiro no Bluesky cresceu exponencialmente desde o banimento do X. Corresponde a cerca de 25% do que era o tráfego no X, segundo Bruzzi. A grande maioria é de esquerda. Felipe Netto é o maior influencer entre os exilados.
Assim, as duas bolhas se separaram em plataformas distintas, sem mais contato entre si. São universos paralelos. E excludentes.
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Podcast Lira: os Atalhos do Poder, de Thais Bilenky
O novo podcast original do UOL Prime já está disponível no YouTube e nas principais plataformas de áudio.
Em cinco episódios, a série apresentada pela jornalista Thais Bilenky mergulha nos últimos anos da política brasileira para explicar como Arthur Lira, atual presidente da Câmara dos Deputados, mudou a relação entre Legislativo, Executivo e Judiciário.
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