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Coach gospel atrai desigrejados e divide bolsonarismo; governo pega brecha

Entre 2002 e 2022, o movimento evangélico trasladou-se majoritariamente do apoio eleitoral a Lula para o apoio a Jair Bolsonaro. Mas o movimento não parou por aí. A cola que aglutinou a maior parte dos líderes e eleitores evangélicos em torno de Bolsonaro a partir de 2018 dá sinais de que perdeu força. As causas são múltiplas, e as consequências também.

O tema é um dos destaques do episódio desta semana do A Hora, podcast de notícias do UOL com os jornalistas Thais Bilenky e José Roberto de Toledo, disponível nas principais plataformas. Ouça aqui.

Pela primeira vez, iniciativas do governo petista parecem atrair igrejas evangélicas. Um exemplo é o projeto "Acredita", do Ministério de Desenvolvimento Social. Mais de 70 denominações evangélicas aderiram ao programa, principalmente no Rio de Janeiro. Elas vão intermediar linhas de crédito para pequenas e médias empresas. Era uma demanda que foi parcialmente atendida. A Igreja Católica intermedeia programas sociais há décadas.

Ao mesmo tempo, líderes evangélicos que se destacavam entre os mais aguerridos bolsonaristas ganham espaço na imprensa fazendo críticas ácidas a Bolsonaro. Foram os casos de Silas Malafaia e Otoni de Paula. Otoni, que é deputado, descolou-se de fato. Malafaia, não totalmente. Mantém um pé ainda no bolsonarismo.

Por quê?

Segundo a pesquisadora Carô Evangelista, uma das grandes especialistas no tema, pastores e líderes estão sentindo a pressão da concorrência dos coachs gospel. Pablo Marçal é o mais famoso deles, mas não é nem sequer o principal. Há vários outros. Esses novos personagens têm forte apelo entre os chamados "desigrejados", ou seja, crentes, na maioria jovens, que frequentam templos de várias denominações religiosas.

Esse público não aceita todos os dogmas religiosos do neopentecostalismo. Querem ser acolhidos mesmo se precisarem recorrer ao aborto ou se fizerem parte da comunidade LGBTQIA+.

Em paralelo, crescem cada vez mais as reclamações de mulheres crentes contra a presença da política partidária dentro dos templos, especialmente em período eleitoral.

Esses movimentos paralelos vêm se somar ao desgaste de Bolsonaro. Não significa que ele deixou de ser uma cola política importante para boa parte dos evangélicos, mas é uma fissura que pode ou não crescer nos próximos anos e fazer diferença na eleição de 2026.

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Podcast A Hora, com José Roberto de Toledo e Thais Bilenky

A Hora é o novo podcast de notícias do UOL com os jornalistas Thais Bilenky e José Roberto de Toledo. O programa vai ao ar todas as sextas-feiras pela manhã nas plataformas de podcast e, à tarde, no YouTube. Na TV, é exibido às 16h (veja aqui onde assistir).

Escute a íntegra nos principais players de podcast, como o Spotify e o Apple Podcasts já na sexta-feira pela manhã. À tarde, a íntegra do programa também estará disponível no formato videocast no YouTube. O conteúdo dará origem também a uma newsletter, enviada aos sábados de manhã.

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