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Trump torceu o braço e 'converteu' bilionários do Vale do Silício

A posse de Donald Trump como presidente dos EUA será comemorada na tarde e noite desta segunda-feira (20) em Washington numa série de festas bancadas por bilionários do Vale do Silício. A lista de financiadores das comemorações trumpistas inclui:

  • Mark Zuckerberg, CEO da Meta (Facebook, Instagram e WhatsApp), que coorganizará uma recepção pré-inaugural ao lado de outros bilionários republicanos;
  • Jeff Bezos, fundador da Amazon, que, além de participar da cerimônia de posse, anunciou uma doação de US$ 1 milhão para o fundo inaugural de Trump.

Além disso, empresas como Google, Microsoft, Apple, OpenAI e Uber também contribuíram com US$ 1 milhão cada para o fundo da festança.

Historicamente, as plataformas digitais sempre apoiaram candidatos democratas contra os republicanos nas eleições presidenciais dos EUA. Mas em 2024 as coisas mudaram.

Jeff Bezos impediu que seu jornal, o The Washington Post, apoiasse a eleição de Kamala Harris, o que provocou a perda de grande parte dos jornalistas e de mais de 100 mil assinantes.

Mark Zuckerberg anunciou o fim da checagem e flexibilização da mediação de notícias falsas e discurso de ódio em suas plataformas.

Elon Musk já havia comprado o X-Twitter e restabelecido a conta de Trump na plataforma, além de acabar com todas as políticas de verificação de conteúdo e comprar briga com o Supremo Tribunal Federal no Brasil. Virou integrante do governo Trump.

Menos famoso, mas não menos simbólico foi o manifesto de Marc Andreessen, o fundador da Netscape e porta-voz dos investidores do Vale do Silício. Ele rompeu publicamente com os democratas e passou a assessora Trump. Motivo? Disse que os democratas romperam o pacto que tinham com os bilionários do Vale Silício.

Segundo ele, o pacto era não tentar regulamentar as empresas de tecnologia e bater palmas quando os bilionários anunciassem que doariam grande parte de suas fortunas para caridade.

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Ao contrário, passaram a ser alvo de cada vez mais críticas por causa do uso de suas plataformas para sabotar a democracia e viram cada vez mais iniciativas governamentais e da Justiça para regular sua atividade. Daí a revolta. Não foi bem assim.

Trump deixou claro aos bilionários da tecnologia que só havia duas opções: estar com ele ou contra ele. E estar contra ele teria muitas consequências negativas para o balanço das empresas. Torceu o braço dos bilionários — e todos cederam.

O que muda no Brasil

As mudanças anunciadas por Zuckerberg devem trazer impactos para os usuários das redes sociais no Brasil.

Para Chico Brito Cruz, diretor-executivo do Internet Lab e advogado especializado em direito digital, a expectativa não é boa.

O afrouxamento das regras na política de discurso de ódio trará maior tolerância, por exemplo, a ofensas misóginas e insultos a pessoas da comunidade LGBTQIA+.

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Mesmo se o conteúdo for denunciado, pelas novas regras de moderação, a plataforma o manterá disponível.

Aquilo que a plataforma considera grave o bastante para ser removido também será tratado com mais leniência. Os algoritmos exigirão mais critérios para enquadrar um conteúdo em situação passível de punição.

Para Brito Cruz, as mudanças tendem a tornar o Instagram uma rede com maior exposição a violências.

"Elas impactam a segurança dos usuários. Não apenas aumentam a desinformação, como têm consequências na vida real. Alimentam uma cultura de violência", diz o advogado.

Podcast A Hora, com José Roberto de Toledo e Thais Bilenky

A Hora é o podcast de notícias do UOL com os jornalistas Thais Bilenky e José Roberto de Toledo. O programa vai ao ar todas as sextas-feiras pela manhã nas plataformas de podcast e, à tarde, no YouTube. Na TV, é exibido às 16h. O Canal UOL está disponível na Vivo TV (canal nº 613), Sky (canal nº 88), Oi TV (canal nº 140), TVRO Embratel (canal nº 546), Zapping (canal nº 64) e no UOL Play.

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Escute a íntegra nos principais players de podcast, como o Spotify e o Apple Podcasts já na sexta-feira pela manhã. À tarde, a íntegra do programa também estará disponível no formato videocast no YouTube. O conteúdo dará origem também a uma newsletter, enviada aos sábados.

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