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Recém-chegado, Hugo Motta mostra diferenças de Lira

Na primeira semana na presidência da Câmara, o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) delineou diferenças de estilo em relação ao antecessor, Arthur Lira (PP-AL).

O tema é um dos destaques do episódio desta semana do A Hora, podcast de notícias do UOL com os jornalistas Thais Bilenky e José Roberto de Toledo, disponível nas principais plataformas. Ouça aqui.

Um dos primeiros pedidos que fez à equipe da Câmara foi o levantamento do número de requerimentos de urgências aprovados em plenário: mais de 2.000.

Com urgência, o projeto pula etapas na tramitação nas comissões e vai a voto direto em plenário. Além de acelerar a eventual aprovação, é uma forma de concentrar poder no presidente da Casa, que é quem define a pauta.

Motta sinalizou que fará um pente-fino nos requerimentos e voltará a fortalecer as comissões temáticas, esvaziadas na gestão Lira a partir da pandemia.

O novo presidente também determinou presença física obrigatória às quartas-feiras, o que deve reavivar o convívio entre deputados. As restrições sanitárias impostas pela covid levaram a Câmara a praticamente substituir o voto presencial pelo remoto. Agora mudou. Ou começou a mudar.

Outro gesto adotado nos primeiros dias na cadeira evidenciou diferenças entre Motta e Lira. O novo presidente recebeu, dentro das instalações da Câmara dos Deputados, dois ministros com os quais o antecessor mantinha relações estremecidas.

Fernando Haddad, da Fazenda, foi levar institucionalmente uma lista de projetos prioritários do governo. Junto com ele foi Alexandre Padilha, das Relações Institucionais, com quem Lira rompeu publicamente.

"A Casa está mais institucional", notou um líder partidário. "Menos hostil."

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A diferença de estilo ficou evidente até depois do expediente. As festas de um e de outro mostram concepções diferentes do cargo. Lira fez uma despedida na residência oficial da Câmara, um patrimônio da União, na sexta-feira (31).

Recebeu alguns deputados, pouca gente do governo Lula, e muitos familiares. Acompanhantes de políticos lotaram o salão. Jornalistas que não estavam na lista foram barrados na porta.

A noitada de Motta, por sua vez, ocorreu em uma casa de eventos. Todo jornalista que se identificasse na porta podia entrar. Havia poucas acompanhantes. Todos os deputados foram chamados. Lobistas e empresários circulavam num ambiente considerado mais institucional por um convidado. "Parecia uma confraternização no salão verde", ele disse, referindo-se à antessala do plenário da Câmara.

As festas em Brasília se tornaram demonstração de poder político, medido, por exemplo, pela quantidade de autoridades influentes presentes. Mas ainda há um tratamento nebuloso em relação a elas.

Embora sejam em ambientes onde se faz política, as festas são tratadas informalmente. Não se divulga custos nem quem paga a conta. Não se democratiza o acesso ou se publiciza os critérios para a seleção dos convidados.

Em alguns casos, artistas conhecidos fazem apresentações sem cobrar cachê. Em tese estão lá como pessoa física, como amigos dos deputados. Mas, na pessoa jurídica, são grandes beneficiários de medidas aprovadas pela Câmara. É o caso do Perse, programa de isenção fiscal para o setor de eventos, ou a regulamentação das bets, das quais esses cantores são garotos-propaganda.

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Em Brasília, não existe festa grátis.

Podcast A Hora, com José Roberto de Toledo e Thais Bilenky

A Hora é o podcast de notícias do UOL com os jornalistas Thais Bilenky e José Roberto de Toledo. O programa vai ao ar todas as sextas-feiras pela manhã nas plataformas de podcast e, à tarde, no YouTube. Na TV, é exibido às 16h. O Canal UOL está disponível na Vivo TV (canal nº 613), Sky (canal nº 88), Oi TV (canal nº 140), TVRO Embratel (canal nº 546), Zapping (canal nº 64) e no UOL Play.

Escute a íntegra nos principais players de podcast, como o Spotify e o Apple Podcasts já na sexta-feira pela manhã. À tarde, a íntegra do programa também estará disponível no formato videocast no YouTube. O conteúdo dará origem também a uma newsletter, enviada aos sábados.

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