Brasil espera Trump tirar o bode da sala para negociar acordo comercial
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A recente decisão de Donald Trump de impor uma tarifa de 25% sobre as importações de aço, incluindo as brasileiras, foi recebida com surpreendente tranquilidade pelo governo brasileiro e pelo setor siderúrgico nacional. A serenidade se baseia na experiência anterior com medidas similares durante o primeiro mandato de Trump.
"O Trump faz isso antes de mais nada para parecer forte e para dar uma satisfação para sua base eleitoral, principalmente dos estados do cinturão do aço nos Estados Unidos", avalia o colunista do UOL José Roberto de Toledo no podcast A Hora desta sexta-feira (14).
A estratégia já conhecida envolve o anúncio de tarifas, seguido pela abertura de negociações para estabelecer cotas de importação isentas da sobretaxa.
Os números sustentam esse otimismo. Após medida semelhante em 2017, as exportações brasileiras de aço para os Estados Unidos não só se mantiveram como cresceram consistentemente. O Brasil exportou cerca de 9,1 milhões de toneladas de aço em 2023, praticamente o dobro das 5 milhões de toneladas exportadas em 2016, mantendo sua posição como segundo maior exportador para o mercado americano.
O preço médio da tonelada também apresentou evolução positiva, saltando de US$ 400 em 2016 para US$ 630 atualmente. No decreto que estabelece o "tarifaço", Trump alega, sem apresentar provas, que países com cotas, incluindo o Brasil, estariam repassando aço comprado da China.
A diretora-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Ngozi Okonjo-Iweala, ofereceu um conselho pragmático sobre como lidar com a situação: "Calma, respira fundo, não se excitem demais, relaxa, pega o telefone e liga. O Trump adora conversar", disse ela.
Segundo Toledo, o que Trump faz ao anunciar essa guerra comercial é transformar o comércio internacional em um "jogo de soma zero", onde ganhos de um lado significam perdas equivalentes de outro, sem geração de nova riqueza.
É o que acontece quando você impõe tarifas e faz guerra comercial, porque a tendência do volume é cair, o fluxo comercial diminuir e você não gera mais riqueza.
José Roberto de Toledo
Mesmo assim, governo e empresários brasileiros mantêm a postura cautelosa, entendendo que "Trump fala mais do que faz, principalmente no que se tange a guerra comercial", e aguardam o momento adequado para as negociações das cotas de importação.
Podcast A Hora, com José Roberto de Toledo e Thais Bilenky
A Hora é o podcast de notícias do UOL com os jornalistas Thais Bilenky e José Roberto de Toledo. O programa vai ao ar todas as sextas-feiras pela manhã nas plataformas de podcast e, à tarde, no YouTube. Na TV, é exibido às 16h. O Canal UOL está disponível na Vivo TV (canal nº 613), Sky (canal nº 88), Oi TV (canal nº 140), TVRO Embratel (canal nº 546), Zapping (canal nº 64) e no UOL Play.
Escute a íntegra nos principais players de podcast, como o Spotify e o Apple Podcasts já na sexta-feira pela manhã. À tarde, a íntegra do programa também estará disponível no formato videocast no YouTube. O conteúdo dará origem também a uma newsletter, enviada aos sábados.
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