A árvore que viu São Paulo ir de vila a megalópole caiu
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Uma das testemunhas vivas mais antigas da história de São Paulo não resistiu às fortes chuvas que atingiram a capital paulista esta semana. O chichá do Largo do Arouche, árvore bicentenária considerada um dos "moradores" mais antigos da cidade, foi derrubado durante temporal que provocou estragos em diversos pontos da metrópole.
O tema é um dos destaques do episódio desta semana do A Hora, podcast de notícias do UOL com os jornalistas Thais Bilenky e José Roberto de Toledo, disponível nas principais plataformas. Ouça aqui.
"Esse chichá estima-se que tenha 200 anos, o que significa que ele nasceu por volta de 1820, 1830, por aí", explicou José Roberto de Toledo. "Ele não é a terceira árvore mais antiga da cidade de São Paulo, ele é um dos moradores mais antigos da cidade."
O temporal que atingiu São Paulo na quarta-feira causou destruição em diversos bairros. "Choveu na cidade ontem forte e alguns bairros ficaram absolutamente inviabilizados", relatou Thais Bilenky. Toledo complementou: "Foi uma chuva muito atípica, porque choveu bastante, mas o que mais afetou não foi a quantidade de água, mas a velocidade do vento."
Mais de 200 árvores foram derrubadas em apenas uma tarde, "mais do que a média de árvores que caem ao longo de um mês na cidade de São Paulo", segundo o colunista. A queda dessas árvores resultou em pelo menos uma morte, a de um taxista.
O episódio desmentiu declarações oficiais sobre a preparação da cidade para eventos climáticos extremos. "A frase do prefeito Ricardo Nunes, que São Paulo está super preparada para enfrentar o aquecimento global, é uma estupidez que não há harmonização facial que corrija", criticou Toledo.
O chichá do Largo do Arouche, que já apresentava sinais de fragilidade após perder dois galhos grandes em um evento climático anterior, não recebeu os cuidados necessários. "A prefeitura só se preocupou em colocar uma placa lá. Que é a terceira árvore mais antiga de São Paulo, fizeram uma cerquinha e tal, mas cuidar da árvore ninguém cuidou", lamentou Bilenky.
A árvore, da mesma família da sumaúma amazônica, testemunhou transformações impressionantes na cidade. "Quando ele nasceu, em uma chácara, era o limite da cidade. São Paulo tinha 20 mil habitantes, ou algo entre 20 e 30 mil habitantes", contou Toledo. "Esse chichá viu a população de São Paulo sair de 20 mil, 25 mil habitantes, para 11 milhões. Foi a megacidade que mais cresceu no século 20 no mundo", completou.
O colunista narrou com detalhes o que essa árvore presenciou: "Viu nascer o bonde a burro, depois o bonde elétrico, depois o ônibus, depois o metrô." Na época em que germinou, "a água era distribuída em pipas, não tinha encanamento" e havia apenas "um cirurgião habilitado" em toda a cidade.
A perda do chichá representa mais do que a queda de uma árvore centenária. "A gente claramente está perdendo as melhores e maiores árvores da cidade, os bairros que hoje são valorizados porque têm essas árvores, estão perdendo essas árvores, e elas não estão sendo repostas", alertou Toledo, concluindo que "a gente não tem governantes à altura da gravidade desses eventos climáticos extremos que a gente está vivendo."
Podcast A Hora, com José Roberto de Toledo e Thais Bilenky
A Hora é o podcast de notícias do UOL com os jornalistas Thais Bilenky e José Roberto de Toledo. O programa vai ao ar todas as sextas-feiras pela manhã nas plataformas de podcast e, à tarde, no YouTube. Na TV, é exibido às 16h. O Canal UOL está disponível na Vivo TV (canal nº 613), Sky (canal nº 88), Oi TV (canal nº 140), TVRO Embratel (canal nº 546), Zapping (canal nº 64) e no UOL Play.
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