Cleptocracia e 'Trump pump' dão tombo no mercado financeiro
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Uma ação unilateral do presidente americano Donald Trump provocou a maior volatilidade dos mercados desde a pandemia, gerando transferência de renda estimada em quase US$ 5 trilhões em um único dia.
O tema é um dos destaques do episódio desta semana do A Hora, podcast de notícias do UOL com os jornalistas Thais Bilenky e José Roberto de Toledo, disponível nas principais plataformas. Ouça aqui.
"Nunca antes na história daquele país a volatilidade tinha sido tão grande provocada por apenas uma pessoa. Literalmente, porque ele não avisou nem os assessores para este assunto", afirma José Roberto de Toledo sobre a decisão de Trump de aumentar drasticamente as tarifas de importação para vários países e depois recuar.
O caos nos mercados começou na semana passada quando Trump anunciou sobretaxas para importações da China, uma medida que foi rapidamente respondida pelo governo chinês com retaliações semelhantes. A escalada continuou com ameaças de tarifas ainda maiores, desencadeando vendas massivas nas bolsas mundiais - o chamado "Trump dump".
"Os mercados, essa semana, começaram desabando em proporções que a gente só tinha visto na crise financeira de 2008 e depois na pandemia", explica Toledo. O problema atingiu proporções alarmantes quando investidores começaram a vender títulos do Tesouro americano (bonds), tradicionalmente considerados os ativos mais seguros do mundo. "Começou a ter uma venda de título público americano que nem água suja", descreve o colunista, destacando como a taxa de juros desses títulos subiu cerca de 20% em um único dia.
A reviravolta ocorreu quando Trump, em sua rede social, declarou: "This is a great time to buy!" (Este é um ótimo momento para comprar!), antes de anunciar oficialmente que suspenderia por 90 dias as sobretaxas impostas. A exceção foi mantida para a China, que continuaria enfrentando tarifas de 145%. "E aí o mercado começou a subir, foi o Trump pump desbragadamente", diz Toledo, referindo-se à alta repentina dos ativos financeiros após o anúncio.
Para o colunista, o que aconteceu essa semana - uma possível manipulação do mercado -, era inimaginável. "Você precisa de uma crise financeira ou de uma pandemia global para ter um efeito desse. E não, foi uma canetada. Dada e retirada. E apagada. E rasurada. É cleptocracia mesmo", afirma, referindo-se a um sistema onde o poder é usado para enriquecimento pessoal.
"Se você por acaso soubesse que o governo americano ia aplicar uma sobretaxa em todos os seus parceiros comerciais e você, prevendo que isso ia causar um caos na economia mundial, vendesse suas ações na sexta-feira. Aí cai 20%. Aí você, por acaso, fica sabendo antes que o governo americano vai voltar atrás... você compra mais ainda", explica Toledo. Segundo ele, dados de mercado mostraram que antes mesmo do anúncio oficial de Trump, já havia intenso movimento em derivativos específicos que se valorizaram 2.100% em um único dia. "O cara que comprou 100 mil dólares dessa coisa antes do Trump, ao final do dia saiu com 2 milhões e 100 mil dólares", exemplifica.
Os efeitos das decisões de Trump foram sentidos mundialmente, com o dólar oscilando em todos os países. "O dólar disparou, depois o dólar despencou, depois o dólar disparou em todos os países do mundo", resume Toledo. A incerteza sobre o comércio mundial permanece, mesmo com a suspensão temporária das tarifas.
Para fechar, o colunista deixa uma questão aos ouvintes: Como fica a nossa vida se acaba o comércio mundial?
Podcast A Hora, com José Roberto de Toledo e Thais Bilenky
A Hora é o podcast de notícias do UOL com os jornalistas Thais Bilenky e José Roberto de Toledo. O programa vai ao ar todas as sextas-feiras pela manhã nas plataformas de podcast e, à tarde, no YouTube. Na TV, é exibido às 16h. O Canal UOL está disponível na Vivo TV (canal nº 613), Sky (canal nº 88), Oi TV (canal nº 140), TVRO Embratel (canal nº 546), Zapping (canal nº 64) e no UOL Play.
Escute a íntegra nos principais players de podcast, como o Spotify e o Apple Podcasts já na sexta-feira pela manhã. À tarde, a íntegra do programa também estará disponível no formato videocast no YouTube. O conteúdo dará origem também a uma newsletter, enviada aos sábados.
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