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Uma mosca na sopa de letrinhas da Câmara

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O que começou como uma "reunião histórica" de cinco horas no domingo passado entre o governo e líderes do Congresso acabou virando mais um capítulo da saga tributária que assombra o Palácio do Planalto.

O tema é um dos destaques do episódio desta semana do A Hora, podcast de notícias do UOL com os jornalistas Thais Bilenky e José Roberto de Toledo, disponível nas principais plataformas. Ouça aqui.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apresentou um cardápio de medidas para compensar o recuo no decreto do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), incluindo a cobrança de 5% de Imposto de Renda sobre títulos hoje isentos como LCI e LCA. Menos de uma semana depois, o presidente da Câmara, Hugo Motta, anunciou que a Casa votará na segunda-feira a urgência de um projeto para derrubar o novo decreto e que a medida provisória não vai avançar.

"Hugo Motta anunciou que tinha sido uma reunião produtiva e que eles tinham chegado a um acordo e que o governo tinha apresentado uma proposta muito menos danosa, nas palavras dele, do que o decreto de IOF original", relatou Thais Bilenky.

Mas o otimismo durou pouco.

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Bolsonaro ajuda Moraes a soar 'tranquilão', mas deve reencontrar o 'xerife'

Thais Bilenky e José Roberto de Toledo

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Imagem: Fellipe Sampaio/STF
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A decisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de não ir para o enfrentamento no interrogatório do julgamento da trama golpista no Supremo Tribunal Federal favoreceu a estratégia do ministro Alexandre de Moraes de contrapor a imagem autoritária que críticos pintam dele.

Aliados de Moraes no Judiciário avaliam que a dinâmica entre os dois permitiu ao ministro mostrar uma atuação equilibrada e distante da condição de vítima que guarda raiva ou mágoa. Moraes se empenhou, inclusive, em mostrar seu lado alto astral, em geral reservado ao convívio íntimo com a família e amigos.

Bolsonaro, por sua vez, também se apresentou moderado. Disse que os arroubos golpistas são, no fundo, rompantes de seu temperamento e retórica. Quis dizer que é um sujeito falastrão, sim, mas antidemocrático jamais.

As versões apresentadas, contudo, não devem chegar até setembro, quando se espera que o julgamento comece. Quem conhece Moraes aposta que o ministro não pegará leve com Bolsonaro.

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Centrão simula apoio a Bolsonaro, mas costura alternativas para 2026

Thais Bilenky e José Roberto de Toledo

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Imagem: Aloisio Mauricio/Estadão Conteúdo

Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) permanecem leais a ele enquanto se aproxima seu julgamento no Supremo Tribunal Federal. Acompanham de perto suas conversas para ter seu sobrenome nas urnas em 2026, mas costuram alternativas para fazer a cabeça do maior cabo eleitoral da direita no momento que julgarem apropriado.

Agora é hora da plantação. Alguns quadros se movimentam com expectativa de se viabilizarem ou, ao menos, estarem bem posicionados para negociar. Os governadores Ronaldo Caiado (Goiás), Romeu Zema (Minas Gerais), Ratinho Jr. (Paraná) e Eduardo Leite (Rio Grande do Sul) já levantaram o braço. O nome considerado mais forte é o de Tarcísio de Freitas (São Paulo).

Se o centrão não conseguir unificar-se em uma candidatura de oposição e lançarem-se uns contra os outros, a tendência é o presidente Lula (PT) sair em vantagem. Ainda que os índices de popularidade estejam insistentemente baixos, o incumbente tem instrumentos poderosos para tentar a reeleição.

Há quem veja com ceticismo a possibilidade de Bolsonaro apoiar um nome forte da direita na disputa. Mas os acenos já começaram. Caiado insiste em que dará anistia ao ex-presidente no primeiro dia de governo se for eleito. Ao mesmo tempo promete acabar com a farra das emendas, retomando a autoridade do presidente da República.

Os obstáculos para se viabilizar começam em seu próprio partido, União Brasil, um dos principais beneficiários das emendas no Congresso, nota Thais Bilenky.

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O colunista José Roberto de Toledo é categórico sobre o bolsonarismo. "Não tem herdeiro, tem um monte de nomes, tem filhos, mas herdeiro de verdade não tem, porque um cara que foge para os Estados Unidos e recebe R$ 2 milhões de mesada do pai para se sustentar no exterior é um desocupado, ele não é um candidato a presidente da República", disse.

O cenário em construção, mesmo sem Bolsonaro, promete instabilidade. "O discurso pode até fechar, mas a conta não fecha. O cenário que esses caras estão armando não é um cenário de estabilidade", opinou Toledo.

Podcast A Hora, com José Roberto de Toledo e Thais Bilenky

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A Hora é o podcast de notícias do UOL com os jornalistas Thais Bilenky e José Roberto de Toledo. O programa vai ao ar todas as sextas-feiras pela manhã nas plataformas de podcast e, à tarde, no YouTube. O Canal UOL está disponível na Claro (canal nº 549), Vivo TV (canal nº 613), Sky (canal nº 88), Oi TV (canal nº 140), TVRO Embratel (canal nº 546), Zapping (canal nº 64), Samsung TV Plus (canal nº 2074) e no UOL Play.

Escute a íntegra nos principais players de podcast, como o Spotify e o Apple Podcasts já na sexta-feira pela manhã. À tarde, a íntegra do programa também estará disponível no formato videocast no YouTube. O conteúdo dará origem também a uma newsletter, enviada aos sábados.

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