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Todos contra todos, tudo por dinheiro

O governo federal liberou R$ 400 milhões em emendas nesta quarta-feira (18), além de R$ 1,1 bilhão em verbas "extras" no Ministério da Saúde, depois de uma série de derrotas no Congresso Nacional relacionadas à agenda econômica. Com a liberação, o valor empenhado no ano quase triplicou: apenas R$ 200 milhões haviam sido destinados às emendas nos primeiros meses de 2025.

A medida ocorre em meio a uma crise política entre o Executivo e o Legislativo, agravada após declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em um jantar do grupo Prerrogativas dos Advogados na sexta-feira passada. Na ocasião, Haddad criticou indiretamente a postura do presidente da Câmara, Hugo Motta, sem citá-lo nominalmente.

"A reunião de domingo foi espetacular", disse Haddad sobre o encontro com as lideranças do Congresso, mas acrescentou que "depois teve o revertério no meio da semana". O ministro também fez um apelo para que os congressistas não deixassem essa crise escalar.

O tema é um dos destaques do episódio desta semana do A Hora, podcast de notícias do UOL com os jornalistas Thais Bilenky e José Roberto de Toledo, disponível nas principais plataformas. Ouça aqui.

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Congresso diz ao governo que não aumenta imposto, mas eleva conta de luz

José Roberto de Toledo e Thais Bilenky

Plenário do Congresso
Plenário do Congresso Imagem: Jefferson Rudy/Agência Senado

O Congresso Nacional derrubou na terça-feira uma série de vetos presidenciais que resultarão no aumento da conta de luz dos brasileiros, contrariando o discurso de parlamentares que se opõem a medidas do governo federal sob o argumento de evitar onerar mais o contribuinte.

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"Quer dizer que eu vou pagar mais caro a minha conta de luz e a culpa não é minha, não é sua, é de quem?", questiona José Roberto de Toledo no podcast. "O argumento do Congresso, para se opor a essas medidas propostas pelo Ministério da Fazenda e pelo governo Lula, sempre é que não quer aumentar imposto, não quer onerar mais o contribuinte. Mas essa semana, eles tomaram decisões que vão justamente onerar o contribuinte", completa Thais Bilenky.

As decisões foram tomadas durante uma sessão do Congresso Nacional presidida por David Alcolumbre, onde Câmara e Senado votam juntos em assuntos de competência conjunta. Os vetos derrubados estavam relacionados a um projeto que originalmente visava estimular a geração de energia eólica em alto mar, mas que acabou recebendo "jabutis" - emendas que incluem temas não relacionados ao projeto original.

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Braço-direito de Torres põe cúpula da Abin sob Lula no fogo

José Roberto de Toledo e Thais Bilenky

O ex-ministro da Justiça Anderson Torres durante sessão de interrogatório na Primeira Turma do STF
O ex-ministro da Justiça Anderson Torres durante sessão de interrogatório na Primeira Turma do STF Imagem: Gabriela Biló - 9.jun.2025/Folhapress
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A Polícia Federal indiciou mais de 30 pessoas no caso que ficou conhecido como "Abin Paralela", envolvendo um esquema de espionagem ilegal montado dentro da própria agência de inteligência. Entre os indiciados estão o ex-diretor-geral da Abin Alexandre Ramagem, hoje deputado federal pelo PL do Rio de Janeiro, o vereador carioca Carlos Bolsonaro e o atual diretor-geral da Abin, Luiz Fernando Corrêa, indicado pelo presidente Lula.

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Segundo as investigações, a antiga gestão da Abin montou um sistema de monitoramento que tinha como alvo ministros do Supremo, políticos, presidente da Câmara, outros deputados e jornalistas, sem critério legal. A gestão seguinte, sob Corrêa, teria dado continuidade ao programa clandestino e não colaborado com as investigações.

O caso ganhou contornos ainda mais complexos pela ligação entre Alessandro Moretti, ex-número 2 da Abin atual, e Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Bolsonaro. "Os dois têm uma longa trajetória em comum", explica José Roberto de Toledo no podcast A Hora desta sexta-feira (20).

Torres começou como papiloscopista da Polícia Civil do DF e em várias ocasiões teve o Alessandro Moretti como seu braço direito, completa o colunista do UOL. Moretti ocupou cargos estratégicos na área de inteligência, incluindo a Diretoria de Tecnologia da Informação e Inovação da Polícia Federal. "Esses cargos são importantes porque eles tratam daquilo que se poderia chamar de bisbilhotagem eletrônica", afirma Toledo, mencionando a contratação do software israelense First Mile, usado para localizar pelo menos 20 mil pessoas sem autorização judicial.

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Exploração de petróleo e preços astronômicos expõem contradições da COP30

José Roberto de Toledo e Thais Bilenky

Brasil exibiu vídeo em que afirma que Belém está pronta para a COP30
Brasil exibiu vídeo em que afirma que Belém está pronta para a COP30 Imagem: Isabela Castilho/COP30/Divulgação

A COP30 de Belém, que acontecerá em novembro, já enfrenta críticas antes mesmo de começar. As contradições entre o discurso ambiental brasileiro e as ações práticas do governo federal têm gerado polêmica no cenário internacional.

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"A COP vai acontecer em novembro, mas para a agenda ambiental ela já está a todo vapor", ironiza Thais Bilenky no podcast A Hora desta sexta-feira (20), destacando que esta conferência tem como missão implementar os acordos fechados nas edições anteriores, especialmente o famoso parágrafo 28 da COP de Dubai.

O parágrafo 28 marcou história por ser "a primeira vez, em 30 anos de COP, que se falou no fim dos fósseis", como explica a colunista, lembrando que 75% das emissões de gases de efeito estufa no mundo vêm da queima de combustível fóssil. O problema, segundo ela, é que "nunca se falou como ia ser feito, nem por onde ia começar, nem quanto".

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A contradição brasileira ficou evidente quando, durante a conferência preparatória de Bonn, na Alemanha, o governo federal deu sua contribuição para acabar com o combustível fóssil, fazendo um leilão de mais de 170 blocos de petróleo, 47 deles na forma da Amazônia. Para Bilenky, essa situação é "quase comparável", em termos de sabotagem à agenda ambiental, à polêmica declaração do ministro Alexandre Silveira no primeiro dia da COP de Dubai sobre a possível entrada do Brasil na Opep+.

Além das questões políticas, a logística da COP30 virou um pesadelo. Um diretor de grande empresa relatou que reduziu a equipe que vai à COP, "a praticamente só três ou quatro pessoas, normalmente seria uma delegação de 15 a 20, porque não tem onde ficar e custa caríssimo".

Os preços chegaram a níveis absurdos: R$ 50 mil por 15 dias em hotel três estrelas, o que representa mais de R$ 3 mil por diária. Em hotéis cinco estrelas, o valor salta para R$ 250 mil por pessoa em um apartamento, com alguns imóveis sendo alugados por R$ 1,5 milhão.

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