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Braço-direito de Torres põe cúpula da Abin sob Lula no fogo

A Polícia Federal indiciou mais de 30 pessoas no caso que ficou conhecido como "Abin Paralela", envolvendo um esquema de espionagem ilegal montado dentro da própria agência de inteligência. Entre os indiciados estão o ex-diretor-geral da Abin Alexandre Ramagem, hoje deputado federal pelo PL do Rio de Janeiro, o vereador carioca Carlos Bolsonaro e o atual diretor-geral da Abin, Luiz Fernando Corrêa, indicado pelo presidente Lula.

O tema é um dos destaques do episódio desta semana do A Hora, podcast de notícias do UOL com os jornalistas Thais Bilenky e José Roberto de Toledo, disponível nas principais plataformas. Ouça aqui

Segundo as investigações, a antiga gestão da Abin montou um sistema de monitoramento que tinha como alvo ministros do Supremo, políticos, presidente da Câmara, outros deputados e jornalistas, sem critério legal. A gestão seguinte, sob Corrêa, teria dado continuidade ao programa clandestino e não colaborado com as investigações.

O caso ganhou contornos ainda mais complexos pela ligação entre Alessandro Moretti, ex-número 2 da Abin atual, e Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Bolsonaro. "Os dois têm uma longa trajetória em comum", explica José Roberto de Toledo no podcast A Hora desta sexta-feira (20).

Torres começou como papiloscopista da Polícia Civil do DF e em várias ocasiões teve o Alessandro Moretti como seu braço direito, completa o colunista do UOL. Moretti ocupou cargos estratégicos na área de inteligência, incluindo a Diretoria de Tecnologia da Informação e Inovação da Polícia Federal. "Esses cargos são importantes porque eles tratam daquilo que se poderia chamar de bisbilhotagem eletrônica", afirma Toledo, mencionando a contratação do software israelense First Mile, usado para localizar pelo menos 20 mil pessoas sem autorização judicial.

A indicação de Corrêa para a Abin em março de 2023, dois meses após 8 de janeiro, gerou resistência. Renan Calheiros, então presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, adiou o quanto pôde a sabatina no Senado, justamente por causa da indicação de Moretti como diretor adjunto, devido à sua ligação com a gestão Bolsonaro.

"Você está colocando na Abin dois policiais federais especializados em inteligência e, mais especificamente, no caso do Moretti, na questão de tecnologia da informação", observa o colunista. "Para a enorme surpresa de zero pessoas, esses caras são acusados de fazer isso sem autorização judicial, usando a infraestrutura do órgão", completa.

Os acusados teriam impedido investigações, reformatando computadores e anulado provas. Segundo as investigações, chegaram a monitorar autoridades paraguaias durante as negociações do acordo de Itaipu. A situação chegou ao ponto da Associação dos Funcionários da Abin pedir a queda de Corrêa após seu indiciamento.

Para o processo avançar após o indiciamento, a Procuradoria-Geral da República deve decidir se apresenta denúncia. Em caso positivo, o Supremo Tribunal Federal analisará se aceita a denúncia, transformando os indiciados em réus. O relator do caso é o ministro Alexandre de Moraes, que foi um dos alvos da espionagem ilegal. Para Toledo, há grandes chances de evolução do processo: "Se não por outro motivo, digamos que é um julgamento que o atinge pessoalmente."

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Podcast A Hora, com José Roberto de Toledo e Thais Bilenky

A Hora é o podcast de notícias do UOL com os jornalistas Thais Bilenky e José Roberto de Toledo. O programa vai ao ar todas as sextas-feiras pela manhã nas plataformas de podcast e, à tarde, no YouTube. O Canal UOL está disponível na Claro (canal nº 549), Vivo TV (canal nº 613), Sky (canal nº 88), Oi TV (canal nº 140), TVRO Embratel (canal nº 546), Zapping (canal nº 64), Samsung TV Plus (canal nº 2074) e no UOL Play.

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