Lula morde e Gleisi assopra na negociação com Congresso
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Depois de sofrer a pior derrota do mandato, o governo Lula adotou uma estratégia de duas frentes na relação com o Congresso Nacional: intensifica o discurso de confronto e cobra a taxação BBB (bancos, bilionários e bets) , a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, trabalha para manter as pontes com a Câmara dos Deputados.
O tema é um dos destaques do episódio desta semana do A Hora, podcast de notícias do UOL com os jornalistas Thais Bilenky e José Roberto de Toledo, disponível nas principais plataformas. Ouça aqui.
A mudança na retórica governamental foi selada em uma reunião no Palácio do Planalto na quarta-feira passada, quando Gleisi se encontrou com o ministro da Secretaria de Comunicação, Sidônio Palmeira, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. A partir desse encontro, segundo Thais Bilenky no podcast A Hora desta sexta-feira (4), o governo passou a "enfatizar a distribuição de riqueza e justiça tributária" com um discurso "muito mais Robin Hood do que vinha sendo feito até aqui".
O novo tom adotado pelo PT se mostra mais provocativo do que o do governo, numa estratégia que busca separar as duas comunicações. Quando o Congresso reclama da retórica governamental, acusando o Palácio do Planalto de investir na polarização, alega-se que são escolhas do PT. . A estratégia, porém, não convence os críticos, que veem uma tentativa de o governo se beneficiar da radicalização do discurso sem assumir diretamente a responsabilidade pelas consequências políticas.
A reação do presidente da Câmara, Hugo Motta, foi imediata. Em um vídeo nas redes sociais, ele disse que "nós contra eles não ajuda ninguém". Logo depois que o governo recorreu ao Supremo contra a decisão do Congresso de derrubar o aumento do IOF, Motta compareceu a um jantar na casa do empresário João Doria, acompanhado dos deputados Antônio Brito (PSD) e Elmar Nascimento (União Brasil).
Os dois disputaram a presidência da Câmara, mas foram preteridos pelo governo, que apoiou Motta, numa articulação costurada por Gleisi.
O apoio da bancada do PSD e de seu líder ao Planalto sofreu avarias depois disso. O partido, que chegou a dar 40 votos em outras votações, deu apenas 27 a favor da derrubada do decreto do IOF. "É uma conta direcionada a Gleisi. Para o bem ou para o mal, se der certo ou der errado, é na porta dela que estão batendo tanto de um lado quanto do outro", completa a colunista do UOL.
Thais Bilenky enfatiza que o encontro na residência de Doria foi interpretado como um recado claro: "Estamos alinhados, estamos juntos. Se tiver enfrentamento com outros Poderes, este Poder aqui, o Legislativo, está alinhado". O evento contou com a presença de 40 a 50 empresários e teve um ambiente pró-Tarcísio de Freitas.
Diante da reação, coube a Gleisi Hoffmann fazer o trabalho de apaziguamento. Ela e o líder do governo na Câmara, José Guimarães, saíram em defesa de Hugo Motta quando a militância começou a atacá-lo nas redes sociais. Como observa Bilenky, "numa tentativa de evitar esticar demais a corda e acabar rompendo".
Segundo o próprio Haddad revelou em entrevista, o presidente da Câmara foi um dos deputados que mais frequentou o Ministério da Fazenda antes de assumir o comando da Casa, participando de diversos almoços quando ainda não ocupava posição de destaque. Essa proximidade inicial levou o ministro a acreditar que a eleição de Motta representaria um capital político favorável para a aprovação dos projetos governamentais. O cálculo, porém, se mostrou equivocado, concluiu o colunista José Roberto de Toledo.
A Hora é o podcast de notícias do UOL com os jornalistas Thais Bilenky e José Roberto de Toledo. O programa vai ao ar todas as sextas-feiras pela manhã nas plataformas de podcast e, à tarde, no YouTube. O Canal UOL está disponível na Claro (canal nº 549), Vivo TV (canal nº 613), Sky (canal nº 88), Oi TV (canal nº 140), TVRO Embratel (canal nº 546), Zapping (canal nº 64), Samsung TV Plus (canal nº 2074) e no UOL Play.
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