PF envia ao STF inquérito sobre desvio de emendas que atinge líder do União

A Polícia Federal remeteu ao STF (Supremo Tribunal Federal) a investigação da Operação Overclean, que apura um esquema de desvios de emendas parlamentares e recursos públicos por um grupo de empresários da Bahia que tem ligação com políticos da cúpula do União Brasil.
O inquérito foi enviado ao Supremo após o surgimento de novos indícios ligando os fatos sob investigação ao deputado federal Elmar Nascimento (BA), líder do União Brasil na Câmara. Procurado, Elmar não se manifestou.
Elmar tem relação próxima com um dos investigados, o empresário Marcos Moura, conhecido como "rei do lixo". Ele é filiado ao União Brasil e integra os órgãos de direção do partido, como mostrou o UOL. Ao cumprir busca e apreensão contra o empresário em dezembro, a PF já havia encontrado documentos de uma transação imobiliária entre ele e Elmar.
Em um primeiro momento, o fato não foi considerado suspeito, porque a transação foi regularmente registrada. Após o surgimento de novos indícios, a PF passou a avaliar que a transação imobiliária também poderia ter relação com os fatos investigados.
Dentre os novos elementos apontados pela investigação está o envio de emendas parlamentares de Elmar para o município de Campo Formoso que abasteceram empresas do grupo investigado —esses repasses foram revelados pelo UOL. O prefeito de Campo Formoso, Elmo Nascimento, é irmão de Elmar. Além disso, o primo deles, Francisquinho Nascimento, era secretário municipal e chegou a ser preso por suspeita de receber propina do grupo criminoso em troca de fraudar licitações.
A PF ainda aponta a existência de citação a um assessor de Elmar nos diálogos apreendidos nos telefones celulares.
A decisão que autorizou a remessa foi proferida pela 2ª Vara Federal Criminal da Justiça Federal da Bahia, onde tramitava o caso. O processo ainda não foi distribuído a um relator no Supremo.
A PF deflagrou a primeira fase da Operação Overclean em 10 de dezembro. Na ocasião, cumpriu 17 mandados de prisão preventiva contra suspeitos de envolvimento em desvios de recursos do Dnocs (Departamento Nacional de Obras Contra a Seca) e de prefeituras.
Um dos alvos naquela ocasião foi o vereador de Campo Formoso Francisquinho Nascimento (União Brasil), que é primo de Elmar e é suspeito de fraudar licitações da prefeitura para beneficiar o grupo de empresários. A PF aponta que a organização criminosa movimentou ao menos R$ 1,4 bilhão no período investigado.
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