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Drones da Abin foram usados para promover imagem de Bolsonaro, diz agente

A estrutura da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) destinada para a segurança presidencial foi utilizada pelo ex-diretor-geral da agência Alexandre Ramagem para produzir imagens que serviram à promoção pessoal do então presidente da República, Jair Bolsonaro (PL).

A informação foi repassada à Polícia Federal por um funcionário da Abin em depoimento para o inquérito sobre desvios na agência.

No depoimento, o funcionário relatou que havia um descontentamento interno porque o material produzido pela área de inteligência estava sendo publicado nas redes sociais de Ramagem e destinado ao uso pessoal.

Tratava-se de imagens gravadas por drones da Abin com o objetivo de verificar a segurança presidencial em eventos externos, como motociatas e outras aglomerações.

"Começou a aparecer filme das imagens produzidas pela Abin, por meio dos drones, no Twitter do delegado Ramagem", disse o agente. "As imagens eram para consumo interno. Que o pessoal ficava chateado porque o trabalho estava sendo utilizado para uso pessoal. Que causava um desconforto na equipe responsável. Que Ramagem usava as imagens e não falava nada. Que a recomendação era ter imagens de drones em todas as viagens", afirmou em seu depoimento.

As publicações de fato foram feitas nas redes sociais do então diretor da Abin. Em 23 de maio de 2021, por exemplo, ele divulgou um vídeo com diversas imagens panorâmicas feitas de uma motociata de Jair Bolsonaro no Rio de Janeiro, sem dizer que o material havia sido produzido a partir de drones da Abin.

O mesmo funcionário também relatou que Ramagem fez alterações na estrutura da agência que provocaram descontentamento nos servidores de carreira.

Segundo ele, houve corte na verba para desenvolvimento e manutenção de informantes que eram mantidos pela Abin e um investimento muito grande em um novo núcleo criado por Ramagem, o Centro de Inteligência Nacional. Para ele, esse órgão foi "superdimensionado" e representou um poder paralelo dentro da própria agência. "O CIN era a Abin dentro da Abin", disse.

Procurada pelo UOL, a defesa de Ramagem disse que a informação sobre o uso das imagens dos drones não se enquadra na seara penal. No depoimento prestado à PF, Ramagem negou irregularidades na sua gestão e disse que não ordenou ações de inteligência contra adversários do governo.

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