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Argentina cara choca brasileiros: 'Mais barato tomar vinho do que água'

Caminhar pela rua Florida, epicentro do turismo brasileiro em Buenos Aires, é escutar com frequência que a Argentina "está cara".

Uma das razões para o encarecimento do país é a valorização artificial do peso argentino encabeçada pelo governo Milei. Além disso, pesa a desregulação da economia, permitindo que o mercado determine preços sem controle do Estado.

Em 2023, quando ainda havia regulação estatal, turistas brasileiros se sentiam ricos no país vizinho.

Um dos efeitos colaterais do encarecimento do país foi a queda de 20% do número de turistas brasileiros em 2024 em relação a 2023, segundo dados oficiais. Os brasileiros estão entre os principais estrangeiros que visitam a Argentina.

Brasileira Jaqueline Fieira considerou os preços exorbitantes em Buenos Aires
Brasileira Jaqueline Fieira considerou os preços exorbitantes em Buenos Aires Imagem: Amanda Cotrim/UOL

Brasileiros que desembarcaram na capital portenha em 2023 e retornaram à cidade em 2025 se disseram surpresos com os preços. É o caso da paranaense Jaqueline Tubin Fieira, 37, que, apesar de se declarar apaixonada por Buenos Aires, diz ter a impressão de que encontrou "outra cidade".

"Os preços estão exorbitantes. Em regiões turísticas, eu e meus amigos não encontramos uma refeição por menos de R$ 120. Em muitos casos, optamos pela entrada, que custava, em média, R$ 60", conta. "Foi a minha terceira vez em Buenos Aires e achei tudo muito caro. As pessoas que trabalham com turismo estão mais sem paciência. Vi as pessoas mais cansadas."

Jaqueline Castanha diz que Buenos Aires está cara, mas voltará à cidade
Jaqueline Castanha diz que Buenos Aires está cara, mas voltará à cidade Imagem: Amanda Cotrim/UOL

Em 2023, era comum encontrar em Buenos Aires um menu executivo por R$ 40. Essa realidade não existe mais. Muita gente, porém, ainda não se atualizou e se espanta ao chegar na Argentina seduzida pela fama de preços baixos. A brasileira Jaqueline Castanha, 29, diz que sentiu como se tivesse levado um tombo.

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"Cheguei aqui achando que encontraria preços baratos, mas está tudo muito caro, principalmente no mercado. Fiquei surpresa que uma garrafa de 500 ml de água na rua custava R$ 18 (...). É mais barato beber vinho do que água na Argentina", brinca a brasileira.

Um vinho de qualidade na Argentina pode ser adquirido por R$ 30, como o Malbec Perro Callejero, que foi um dos vinhos servidos no casamento do presidente Lula. No Brasil, ele pode custar até três vezes mais.

"Está cara, mas vale a pena"

"Mesmo estando mais cara, vale muito a pena viajar a Buenos Aires. A cidade é linda, tem muitas atividades gratuitas, e a hospedagem tem um preço compatível com outras regiões, como Chile e Brasil", diz Jaqueline Fieira.

"Buenos Aires é uma cidade acessível, ótima para caminhar. Eu e meus amigos voltaríamos com certeza", afirma Jaqueline Castanha. "Considerando ser uma viagem internacional, acho que gastei menos do que gastaria em uma viagem até o Rio de Janeiro", compara.

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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