Amanda Cotrim

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Reportagem

Milei é intimado na investigação sobre escândalo da cripto $LIBRA

O escândalo da criptomoeda $LIBRA envolvendo o presidente Javier Milei está longe de ser um assunto enterrado na Argentina. Essa semana, Milei e sua irmã, Karina Milei, que também é secretária geral da presidência, foram intimados para uma audiência de mediação com um grupo 26 de investidores, entre argentinos e estrangeiros, o qual acusa o presidente por danos morais e prejuízos financeiros, estimado em US$ 4,5 milhões, no suposto golpe no caso da cripto $LIBRA,

Caso não haja acordo, a defesa dos investidores afirmou que iniciará "imediatamente" um processo civil contra o presidente argentino. "Esperamos que se apresentem e que possam compensar os danos que produziram aos investidores. Caso não haja negociação, vamos para uma ação civil", afirmou o advogado dos investidores ao UOL, o argentino Nicolas Oszust. Também foram intimados para a audiência de mediação, no dia 15 de maio, o ex-assessor da Comissão Nacional de Valores Sérgio Morales e os empresários Mauricio Novelli e seu sócio Manuel Torrents Godoy, assim como o porta-voz da Casa Rosada, Manuel Adorni.

Investigação criminal

Javier Milei também poderá ter os sigilos fiscal e bancário quebrados. Na semana passada, o procurador federal Eduardo Taiano pediu a quebra de sigilo do presidente, de sua irmã, Karina Milei, do ex-assessor da Comissão nacional de Valores, Sergio Morales, e dos empresários Manuel Terrones Godoy e Mauricio Novelli vinculados a criação da criptomoeda, informou o jornal Clarín.

A justiça quer saber se Milei descumpriu seus deveres como funcionário público e seu suposto envolvimento em associação ilícita e fraude. De acordo com os jornais argentinos, o procurador pretende analisar informações sobre a evolução patrimonial de Milei de 2023 até hoje.

Comissão na Câmara investigará Milei

Paralelamente às ações penais e civis, no último dia 8 de abril, a Câmara de Deputados da Argentina aprovou a criação de uma comissão que investigará o escândalo da criptomoeda $LIBRA envolvendo Milei. A primeira reunião da Comissão está prevista para o dia 23 de abril.

O prazo para a conclusão de um relatório sobre as investigações é de três meses. O objetivo é descobrir o grau de participação e a responsabilidade política do presidente argentino no caso da $LIBRA.

A criação da Comissão que investigará Milei recebeu 128 votos a favor, 93 contra e 7 abstenções e será composta por 28 deputados, com maior representação do partido peronista União pela Pátria, com seis bancas, seguido do partido PRO e do partido de Milei, o Liberdade Avança, com quatro cadeiras cada um. Durante os trabalhos de investigação, a Comissão pode intimar testemunhas, informações judiciais e depoimentos dos envolvidos na investigação.

Relembre o caso

Em fevereiro, o presidente argentino, que tem quase 4 milhões de seguidores no X, convocou os internautas a investirem na criptomoeda $LIBRA. "Este projeto privado incentivará o crescimento da economia argentina, ancorando pequenas empresas e empreendimentos argentinos. O mundo quer investir na Argentina", dizia a mensagem postada pelo presidente. Imediatamente, a cotação disparou de zero para 4,5 euros e seu valor global chegou a US$ 4,5 bilhões. Em seguida, a criptomoeda despencou, e Milei apagou o post após três horas.

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No mundo das criptos, a suposta estratégia utilizada por Milei é chamada de "puxão de tapete". Um ativo é promovido de modo artificial para atrair investidores e esvair com os lucros. Geralmente, essa estratégia se vale de pessoas públicas e com grande influência, como é o caso do presidente argentino.

Depois de apagar o post, Milei afirmou que o fez porque não estava a par do projeto e postou sem prestar muita atenção. O presidente na época disse em uma entrevista à TV argentina ser viciado em redes sociais e que às vezes posta no "automático".

Ele afirmou que quem investiu na cripto $LIBRA sabia o que estava fazendo. "Se você vai a um cassino e perde dinheiro, qual é a reclamação?", disse.

Reportagem

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