Milei pediu perdão ao papa e contou o que o pontífice lhe respondeu
Ler resumo da notícia
O presidente argentino, Javier Milei, que na campanha eleitoral de 2023 insultou o papa Francisco de "comunista" e afirmou que o pontífice tinha relação com o maligno, deu uma declaração inédita horas antes do enterro oficial do papa argentino.
Milei afirmou que quando visitou Francisco, em Roma, no ano passado, já como presidente, pediu perdão ao santo padre pelas ofensas proferidas. Até então, Milei nunca tinha assumido que chegou a pedir desculpas à maior autoridade da igreja católica. Com a morte de Francisco, Milei trouxe a informação ao conhecimento público, durante uma entrevista à rádio argentina Mitre, ontem, 25, numa tentativa de enterrar o assunto que marcará para sempre a história entre ele e o primeiro papa argentino.
"Eu pedi perdão ao papa Francisco quando o vi", afirmou. Milei disse que o pontífice, ao receber o pedido de perdão, teria respondido ao presidente: "não esquente a cabeça, porque são erros de juventude", contou rindo. "É a despedida do argentino mais importante da história", continuou.
"Algo fizemos de mal para o Papa"
Desde que assumiu o papado, em 2013, Francisco nunca mais voltou ao seu país de origem, produzindo um hiato de dor em muitos fiéis católicos no país. A polarização política que vive a Argentina há anos é uma das razões apontadas entre os jornais e pessoas que conviveram com Jorge Bergoglio para explicar a recusa de Francisco em visitar seu país e reencontrar com suas origens.
"Algo fizemos de mal para o papa não querer voltar (ao nosso país). O tempo dirá", afirmou Milei na mesma entrevista.
O governo também viveu uma polêmica com a família do papa: Mauro Bergoglio, sobrinho do papa Francisco, recebeu uma doação para ir ao velório do pontífice. O caso gerou um impasse com o governo argentino de Javier Milei. Perguntado na entrevista se a comitiva presidencial foi procurada para levar ao funeral familiares diretos e indiretos do Papa Francisco, Milei disse que o governo não foi procurado.
A oposição local acusou Javier Milei de excluir os familiares do papa Francisco ao montar a comitiva que viajou para o funeral.
Milei na primeira fila
O presidente argentino estava na primeira fila, entre os líderes de estado mundiais, ao lado da primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, em reconhecimento às nacionalidades que marcaram a vida do sumo pontífice. A Argentina, como seu país de origem, e a Itália, como a de sua ascendência e sede de seu pontificado. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, também estava na primeira fila.
Jorge Mário Bergoglio nasceu e cresceu na capital argentina, no bairro de Flores, onde se tornou padre e depois arcebispo de Buenos Aires, antes de ser o primeiro papa latinoamericano da história, em 2013. Teve seu legado marcado para sempre na vida dos mais pobres e nas periferias esquecidas de Buenos Aires.
Presidente argentino usa funeral para bilateral
O presidente Javier Milei afirmou para a rádio Mitre que uma reunião com a ministra italiana, Georgia Meloni, de direita, está prevista para depois do funeral de Francisco. "É uma previsão. Não sei se será uma bilateral, porque esses encontros assim são muito rápidos. Mas ficou combinado de nos encontrarmos depois da cerimônia", disse Milei. Quando visitou o Papa Francisco, no ano passado, Milei também usou a viagem para se encontrar com Meloni. Há uma expectativa para que o presidente argentino também se encontre com Donald Trump, que foi ao funeral e teve uma reunião com o presidente da Ucrânia Volodymyr Zelensky.
Javier Milei viajou a Roma com uma comitiva presidencial reduzida. Com o presidente estão a irmã e secretária geral da presidência, Karina Milei, o chefe de gabinete Guillermo Francos, o porta voz da Casa Rosada, Manuel Adorni, o chanceler Gerardo Werthein, e as ministras de Capital Humano, Sandra Pettovello e de Segurança, Patricia Bullrich.