Ruas de Buenos Aires lotam para despedida do papa: 'Não o valorizamos'
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Em vigília desde a madrugada de hoje, as ruas do centro de Buenos Aires estão lotadas de fiéis e admiradores do papa Francisco, para a despedida do pontífice. Uma missa de manhã na catedral metropolitana de Buenos Aires, na praça de maio, no centro da capital, e um almoço comunitário oferecido aos fiéis no mesmo local fazem parte das homenagens dedicadas ao santo padre hoje.
Uma peregrinação de despedida à tarde passará por hospital, penitenciária e favelas de Buenos Aires, onde Jorge Bergoglio frequentava antes de se tornar a maior autoridade da igreja católica. Além de Buenos Aires, há celebrações de despedida em outras cidades argentinas.
Argentina se despede do papa
Percurso aberto e concentração na região sul da cidade. A peregrinação intitulada "Pacto de amor a Francisco: peregrinação pelos lugares da dor" foi organizada pela Arquidiocese e movimentos sociais e se concentrará na região sul de Buenos Aires.
A despedida incluirá seis paradas em pontos emblemáticos para o papa Francisco:
- Casa Mãe Antula (Centro)
- Praça Constituição (onde Francisco celebrava missas, na periferia de Buenos Aires)
- Prédio do hospital Borda com os hospitais Tobar e Rawson (Barracas)
- Unidade penitenciária do Hospital Muniz (Barracas)
- Lugar de Cristo San Alberto Hurtado (Parque Patricios)
- Paróquia Virgem de Caacupé (Villa Lugano)
Maior manifestação desde o anúncio da morte do papa. A celebração de despedida do papa Francisco na Praça de Maio é a maior até hoje em Buenos Aires, sua cidade natal, desde o anúncio do falecimento do santo padre. Milhares de fiéis, que vieram de várias partes da Argentina, lotaram a região da Catedral Metropolitana e da Casa Rosada, sede do governo argentino. Os jornais locais falam em mais de 100 mil pessoas para a despedida do santo padre hoje.
Momentos de emoção durante a missa. Durante a missa de despedida na Catedral Metropolitana de Buenos Aires, o momento mais emocionante foi quando a Virgem de Caacupé foi erguida, entre os fiéis. A virgem é a padroeira do Paraguai, mas é um símbolo das favelas de Buenos Aires, cuja maioria de seus moradores são imigrantes, principalmente paraguaios e bolivianos. O simbolismo também se dá por Francisco ter durante todo o seu papado defendido os imigrantes e refugiados. A paróquia Caacupé, na zona sul da capital, também era uma das paróquias na periferia onde Francisco celebrava missas e visitava enfermos.
Durante a missa em celebração ao papa Francisco, o arcebipo de Buenos Aires, Jorge Garcia Cuerva, foi às lágrimas. O religioso, que foi um cura villero (padre das favelas) se emocionou ou falar do amigo Francisco e precisou interromper a celebração para tomar água e conter as lágrimas. A missa de despedida foi uma celebração dos pobres para os pobres, como desejou Francisco.
"Não o valorizamos"
Na Praça de Maio, fiéis emocionados lembram que Francisco foi "um dos papas mais queridos do mundo". "Foi o papa do povo", disse uma fiel. "É um dia de muita tristeza. Temos que seguir com o que ele nos ensinou: fraternidade, paz e amor", disse outra, emocionada. Muitos argentinos disseram que só agora está "caindo a ficha" da morte do papa.
"Muito triste. Talvez, não demos o verdadeiro valor ao papa. Agora que ele se foi e os argentinos estão sabendo mais sobre o que o pontífice fez por nós, pelos mais pobres, sua simplicidade. Só agora estamos interiorizando isso. Me dá muita tristeza não ter sabido antes", afirmou Martí Salinas, que vive em La Matanza, região metropolitana de Buenos Aires.
Atuação do papa nas comunidades pobres. A fiel lembrou o papel fundamental do papa Francisco para a sua comunidade, no bairro de Ciudad Evita, uma das regiões mais pobres da grande Buenos Aires. Segundo ela, o papel do pontífice junto aos curas villeros (os padres das favelas) foi fundamental para que os mais pobres tivessem acesso a serviços básicos.
"Não tínhamos nada aqui. Agora temos escolas, centros de saúde, restaurantes populares, centros de reabilitação para drogas. Uma ajuda fundamental para todas as famílias que estão vivendo um ajuste econômico severo," afirmou Salinas.
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